Capítulo 2
Ontem havia sido um dia cansativo pra mim. Na verdade eu ainda estava um pouco confusa. Já há uns dois meses ou mais Phil Stevenson estava sendo um doce de pessoa comigo. Tudo começou quando ele me pediu ajuda em matemática. Eu sempre achei aquele cara com um jeito estranho, meio sádico, gostava de ver o sofrimento de outros garotos. Não era um aluno excelente, mas um ótimo jogador de basquete. Ele nunca falava comigo, então essa iniciativa era quase um milagre. Eu resolvi ajudá-lo. Ele acabou indo bem em umas provas depois disso e sempre me convidava pra sair, como forma de agradecimento. Eu recusei algumas vezes, mas não era uma coisa comum um cara da escola me chamar pra sair. Verdade que alguns garotos do clube de matemática já fizeram isso, só que eles são tão meus amigos que nunca o passeio era um encontro de fato. E, além disso, Phil era bem bonito, e estava sozinho. Ele era alto, forte, tinha um cabelo loiro curto, me lembrava muito aquele ator, Kellan Lutz.
Nós saímos umas duas ou três vezes e mesmo que ele continuasse sendo aquela pessoa de sempre, eu já conseguia enxergar um lado mais sensível nele. Ele era bem gentil comigo e eu assumo que já estava pensando em algo além das aulas de matemática. Mas eu devia me desiludir, afinal, tinha um time de líderes de torcida atrás dele, ele nunca ia querer a nerd.
Então ontem aconteceu uma coisa inesperada. Phil me pediu em namoro. Foi meio estranho. Nós estávamos numa cafeteria perto da minha casa, conversando como sempre.
- Bee – Essa era a forma como ele me chamava – Eu estava pensando, não quero ser precipitado, mas, acho que estou mesmo gostando de você. – Meu coração deu um pulo. Eu estava sonhando? Pisquei o olho algumas vezes pra ver se tudo perdia o foco e eu acordava, só que não aconteceu.
- O quê? – Foi a única pergunta que eu consegui fazer.
- Bee, quer namorar comigo?
- Eu... Não sei o que dizer.
- Diga “sim”. É uma boa forma de começar – Ele sorriu com aqueles dentes perfeitos.
- Está bem, podemos tentar. Mas, antes, posso fazer uma pergunta?
- Sim, todas as perguntas que quiser.
- O que você viu em mim?
- Simples: você é perfeita – Ele disse isso e me beijou logo em seguida, me deixando completamente sem jeito, porém feliz.
É verdade que eu não tinha acreditado no perfeita, mas era mesmo um bom começo. Quem sabia o que o futuro podia reservar? Hoje eu acordei ainda sem acreditar no que tinha acontecido no dia anterior. Fui para a escola pensando em encontrar aquele príncipe, ou quase isso, e tremi nas bases. Ainda parecia muita fantasia tudo aquilo acontecendo comigo. Cheguei relativamente cedo e me sentei na frente, como de costume. O pessoal da turma começou a chegar mais tarde e eu estava absorta na leitura de mais um clássico inglês.
Não sei por que, talvez por uma questão de instinto, ou qualquer outra coisa, me virei para a porta. Lá estava Ben Smith com aqueles grandes olhos verdes, olhando para meu rosto.
Eu realmente não entendia aquele garoto. Às vezes ele parecia que ia falar comigo, mas não dizia nada. Eu ainda esperava para saber o que ele queria dizer. Me perguntava se ele queria pedir ajuda em alguma disciplina. Mas ele não tinha o jeito de quem tem dificuldade e nunca estava em recuperação. Eu só tinha ouvido a sua voz umas duas ou três vezes esse ano e pouco mais que vinte e cinco desde que nos conhecemos, isso durante as aulas. Estudávamos juntos desde a sétima série.
Ele tinha esses olhos verdes e o cabelo bem preto, liso, cortado curto, com um penteado comum. Era mais alto que eu e tinha os ombros largos de quem faz natação. Ele era bem bonitinho também. Em algum lugar do passado eu já tinha gostado daquele garoto. Mas ele só falou diretamente comigo duas vezes. Uma na sétima série. Eu tinha umas duas semanas estudando aqui e ele já me encarava com aqueles olhos. Estava andando em direção à quadra de esportes quando ele começou a acompanhar meus passos e disse:
- Olá Beatrice, sou Ben Smith. – Ele enxugou a mão na calça e estendeu para que eu pudesse apertá-la. Retribui o gesto.
- É um prazer conhecê-lo Ben – respondi.
- Estou na sua turma, se é que não notou – Ele emendou – Não... Não desse jeito. Não que eu seja uma pessoa muito perceptível... Que eu chame atenção... Talvez eu não chame nem um pouco de atenção, então, você não deve ter me notado e por isso vim me apresentar. Sabe, você é aluna nova e... É isso. É, foi um prazer conhecê-la Beatrice. Ou deveria chamá-la Senhorita Parker? Não quero ser desrespeitoso – Eu fiquei um pouco aterrorizada com tantas palavras em tão pouco tempo. Mas ele era bem fofinho, me perguntando se deveria me chamar de Senhorita Parker. Engraçado. Eu sorri.
- Pode me chamar como quiser Ben – Continuei sorrindo. Ele parecia que ia correr a qualquer momento. Encontrei uma garota que tinha feito amizade comigo, Alicia, e me despedi dele. Ele ficou lá parado no corredor e eu segui para a quadra. Quando olhei pra trás ele ainda estava lá, parado, com o amigo dele, Kevin Johnson, tentando fazê-lo andar. Me perguntei se eu tinha dito alguma coisa que o assustou. Depois disso ele só falou comigo outra vez no ano passado.
O que eu achei mais estranho foi como a voz dele tinha mudado. Ele agora tinha uma voz grave em comparação com aquele garoto que falou comigo na sétima série. Parecia mais confiante. Eu estava na biblioteca estudando e, do nada, surge aquele garoto.
- Oi Ben – Eu falei ao vê-lo. Não sei por que, eu senti vontade de falar com ele.
- Oi Beatrice! Como está você? – Ele perguntou.
- Estou bem. Veio estudar ou está procurando alguém? – perguntei.
- Um pouco de cada. Está estudando o quê?
- Estou tentando fazer uma pesquisa de biologia.
- Me desculpe se estou atrapalhando.
- Não, de forma alguma. Quer estudar comigo?
- Sim, vai ser um prazer. – Ele respondeu.
Então nós estudamos alguns minutos até Carl, o garoto que faria dupla comigo, chegar. Ben pareceu um pouco incomodado com a presença de Carl e o celular dele tocou oportunamente nesse momento. Ele disse que precisava sair, pra fazer a pesquisa dele também. Depois disso não nos falamos mais.
Hoje ele estava na porta da sala, me encarando. De vez em quando ele fazia isso, mas eu não conseguia me acostumar. Comecei a corar, quando alguém o empurrou para o chão.
- Sai da frente otário. – Fiquei muito desapontada de ver que quem fez isso foi o meu... Namorado. Todos começaram a rir da queda do Ben, mas eu não vi graça e fiquei em silêncio. Ele começou a apanhar os livros do chão e eu me desconcentrei completamente quando vi aquele cara lindo na entrada. Ele sorriu pra mim e foi sentar no fundo da sala.
No intervalo, eu e Phil saímos de mãos dadas da sala. É claro que uma série de meninas ficou me lançando olhares estranhos, o que me fez questionar o que aquele cara via em mim. Chegamos ao refeitório e novamente Ben estava olhando pra nós.
- Aquele Smith está olhando pra a gente de novo. Qual a dele? – Phil perguntou
- Deixa ele Phil, ele nunca fez nada contra você – respondi.
- Vou lá saber qual o problema dele. – Phil segurou mais forte a minha mão e foi quase me arrastando até a mesa onde estavam Ben e Kevin.
- Tá olhando o que panaca? – Phil perguntou a Ben. Ele não respondeu. – Vai falar alguma coisa ou prefere levar um soco?
- Phil, pára com isso. – Eu não achava justo brigar com alguém que não te fez nada. Ou o Phil mudava isso ou estava tudo acabado. Ben começou a sorrir, eu não entendi por que.
- Calma, não precisamos brigar, não é verdade? – Kevin disse.
- Não estou falando com você otário, cala a boca – Phil estava me envergonhando. Comecei a sentir meu rosto esquentar. – Então Smith? Vai ficar aí sem resposta? Da próxima vez que eu entrar aqui nesse refeitório, não quero ver sua cara nojenta olhando pra mim, está entendendo? Ou chuto esse seu traseiro fedido pra fora do estado. Vamos gata. – Ele falou comigo.
Ele me levou pra a mesa dos populares, cheia de jogadores de basquete e líderes de torcida. Eu fiquei completamente deslocada lá. Estava sentindo falta da minha mesa, com os meus amigos, com as nossas conversas.
No fim de semana saí com Phil pra conversar.
- Phil eu preciso conversar um pouco com você.
- Pode falar gata.
- Primeiro, pára de me chamar de gata, Phil.
- Qual o problema disso?
- Eu prefiro que você me chame pelo meu nome.
- Está bem, posso te chamar de Bee, como já chamava?
- Sim, pode. O problema não é esse. Phil, não gosto do jeito que você trata alguns garotos, como Ben Smith, por exemplo.
Nós saímos umas duas ou três vezes e mesmo que ele continuasse sendo aquela pessoa de sempre, eu já conseguia enxergar um lado mais sensível nele. Ele era bem gentil comigo e eu assumo que já estava pensando em algo além das aulas de matemática. Mas eu devia me desiludir, afinal, tinha um time de líderes de torcida atrás dele, ele nunca ia querer a nerd.
Então ontem aconteceu uma coisa inesperada. Phil me pediu em namoro. Foi meio estranho. Nós estávamos numa cafeteria perto da minha casa, conversando como sempre.
- Bee – Essa era a forma como ele me chamava – Eu estava pensando, não quero ser precipitado, mas, acho que estou mesmo gostando de você. – Meu coração deu um pulo. Eu estava sonhando? Pisquei o olho algumas vezes pra ver se tudo perdia o foco e eu acordava, só que não aconteceu.
- O quê? – Foi a única pergunta que eu consegui fazer.
- Bee, quer namorar comigo?
- Eu... Não sei o que dizer.
- Diga “sim”. É uma boa forma de começar – Ele sorriu com aqueles dentes perfeitos.
- Está bem, podemos tentar. Mas, antes, posso fazer uma pergunta?
- Sim, todas as perguntas que quiser.
- O que você viu em mim?
- Simples: você é perfeita – Ele disse isso e me beijou logo em seguida, me deixando completamente sem jeito, porém feliz.
É verdade que eu não tinha acreditado no perfeita, mas era mesmo um bom começo. Quem sabia o que o futuro podia reservar? Hoje eu acordei ainda sem acreditar no que tinha acontecido no dia anterior. Fui para a escola pensando em encontrar aquele príncipe, ou quase isso, e tremi nas bases. Ainda parecia muita fantasia tudo aquilo acontecendo comigo. Cheguei relativamente cedo e me sentei na frente, como de costume. O pessoal da turma começou a chegar mais tarde e eu estava absorta na leitura de mais um clássico inglês.
Não sei por que, talvez por uma questão de instinto, ou qualquer outra coisa, me virei para a porta. Lá estava Ben Smith com aqueles grandes olhos verdes, olhando para meu rosto.
Eu realmente não entendia aquele garoto. Às vezes ele parecia que ia falar comigo, mas não dizia nada. Eu ainda esperava para saber o que ele queria dizer. Me perguntava se ele queria pedir ajuda em alguma disciplina. Mas ele não tinha o jeito de quem tem dificuldade e nunca estava em recuperação. Eu só tinha ouvido a sua voz umas duas ou três vezes esse ano e pouco mais que vinte e cinco desde que nos conhecemos, isso durante as aulas. Estudávamos juntos desde a sétima série.
Ele tinha esses olhos verdes e o cabelo bem preto, liso, cortado curto, com um penteado comum. Era mais alto que eu e tinha os ombros largos de quem faz natação. Ele era bem bonitinho também. Em algum lugar do passado eu já tinha gostado daquele garoto. Mas ele só falou diretamente comigo duas vezes. Uma na sétima série. Eu tinha umas duas semanas estudando aqui e ele já me encarava com aqueles olhos. Estava andando em direção à quadra de esportes quando ele começou a acompanhar meus passos e disse:
- Olá Beatrice, sou Ben Smith. – Ele enxugou a mão na calça e estendeu para que eu pudesse apertá-la. Retribui o gesto.
- É um prazer conhecê-lo Ben – respondi.
- Estou na sua turma, se é que não notou – Ele emendou – Não... Não desse jeito. Não que eu seja uma pessoa muito perceptível... Que eu chame atenção... Talvez eu não chame nem um pouco de atenção, então, você não deve ter me notado e por isso vim me apresentar. Sabe, você é aluna nova e... É isso. É, foi um prazer conhecê-la Beatrice. Ou deveria chamá-la Senhorita Parker? Não quero ser desrespeitoso – Eu fiquei um pouco aterrorizada com tantas palavras em tão pouco tempo. Mas ele era bem fofinho, me perguntando se deveria me chamar de Senhorita Parker. Engraçado. Eu sorri.
- Pode me chamar como quiser Ben – Continuei sorrindo. Ele parecia que ia correr a qualquer momento. Encontrei uma garota que tinha feito amizade comigo, Alicia, e me despedi dele. Ele ficou lá parado no corredor e eu segui para a quadra. Quando olhei pra trás ele ainda estava lá, parado, com o amigo dele, Kevin Johnson, tentando fazê-lo andar. Me perguntei se eu tinha dito alguma coisa que o assustou. Depois disso ele só falou comigo outra vez no ano passado.
O que eu achei mais estranho foi como a voz dele tinha mudado. Ele agora tinha uma voz grave em comparação com aquele garoto que falou comigo na sétima série. Parecia mais confiante. Eu estava na biblioteca estudando e, do nada, surge aquele garoto.
- Oi Ben – Eu falei ao vê-lo. Não sei por que, eu senti vontade de falar com ele.
- Oi Beatrice! Como está você? – Ele perguntou.
- Estou bem. Veio estudar ou está procurando alguém? – perguntei.
- Um pouco de cada. Está estudando o quê?
- Estou tentando fazer uma pesquisa de biologia.
- Me desculpe se estou atrapalhando.
- Não, de forma alguma. Quer estudar comigo?
- Sim, vai ser um prazer. – Ele respondeu.
Então nós estudamos alguns minutos até Carl, o garoto que faria dupla comigo, chegar. Ben pareceu um pouco incomodado com a presença de Carl e o celular dele tocou oportunamente nesse momento. Ele disse que precisava sair, pra fazer a pesquisa dele também. Depois disso não nos falamos mais.
Hoje ele estava na porta da sala, me encarando. De vez em quando ele fazia isso, mas eu não conseguia me acostumar. Comecei a corar, quando alguém o empurrou para o chão.
- Sai da frente otário. – Fiquei muito desapontada de ver que quem fez isso foi o meu... Namorado. Todos começaram a rir da queda do Ben, mas eu não vi graça e fiquei em silêncio. Ele começou a apanhar os livros do chão e eu me desconcentrei completamente quando vi aquele cara lindo na entrada. Ele sorriu pra mim e foi sentar no fundo da sala.
No intervalo, eu e Phil saímos de mãos dadas da sala. É claro que uma série de meninas ficou me lançando olhares estranhos, o que me fez questionar o que aquele cara via em mim. Chegamos ao refeitório e novamente Ben estava olhando pra nós.
- Aquele Smith está olhando pra a gente de novo. Qual a dele? – Phil perguntou
- Deixa ele Phil, ele nunca fez nada contra você – respondi.
- Vou lá saber qual o problema dele. – Phil segurou mais forte a minha mão e foi quase me arrastando até a mesa onde estavam Ben e Kevin.
- Tá olhando o que panaca? – Phil perguntou a Ben. Ele não respondeu. – Vai falar alguma coisa ou prefere levar um soco?
- Phil, pára com isso. – Eu não achava justo brigar com alguém que não te fez nada. Ou o Phil mudava isso ou estava tudo acabado. Ben começou a sorrir, eu não entendi por que.
- Calma, não precisamos brigar, não é verdade? – Kevin disse.
- Não estou falando com você otário, cala a boca – Phil estava me envergonhando. Comecei a sentir meu rosto esquentar. – Então Smith? Vai ficar aí sem resposta? Da próxima vez que eu entrar aqui nesse refeitório, não quero ver sua cara nojenta olhando pra mim, está entendendo? Ou chuto esse seu traseiro fedido pra fora do estado. Vamos gata. – Ele falou comigo.
Ele me levou pra a mesa dos populares, cheia de jogadores de basquete e líderes de torcida. Eu fiquei completamente deslocada lá. Estava sentindo falta da minha mesa, com os meus amigos, com as nossas conversas.
No fim de semana saí com Phil pra conversar.
- Phil eu preciso conversar um pouco com você.
- Pode falar gata.
- Primeiro, pára de me chamar de gata, Phil.
- Qual o problema disso?
- Eu prefiro que você me chame pelo meu nome.
- Está bem, posso te chamar de Bee, como já chamava?
- Sim, pode. O problema não é esse. Phil, não gosto do jeito que você trata alguns garotos, como Ben Smith, por exemplo.
Você faz isso de propósito? Tem prazer em prender os leitores na frente do computador? Tá demais, a história!
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