Capítulo 6
A semana seguinte começou e Ben retornou a escola. Ele parecia ter outro brilho, estava mais bronzeado, com o cabelo maior. O que mais me surpreendeu foi ele estar de óculos escuros. Quando você passa quase cinco anos da sua vida vendo uma pessoa sempre do mesmo jeito, sempre quieto, tímido, e, do nada, essa pessoa some e volta totalmente diferente, você estranha. Posso até dizer que ele voltou mais bonito. E eu fiquei vidrada uns bons segundos olhando pra ele. Ele nem olhou pra minha cara.
Certo, eu precisava falar com ele. Saber o que estava acontecendo. Tudo bem, nós não éramos amigos. Ben foi caminhando na direção de Kevin, que pareceu tão surpreso quanto eu com toda aquela mudança. No intervalo ouvi a conversa deles enquanto ia passando pra a minha mesa.
- Ben? É você mesmo? – Ou vi Kevin perguntar
- Pode considerar uma versão melhorada. – Ele respondeu
- E o que seria o motivo dessa mudança?
- Um lugar diferente, pessoas diferentes, garotas diferentes...
Bastou isso pra que eu fosse correndo pra me esconder em algum lugar. Phil tentou me seguir, sem entender o que estava acontecendo. Eu também não entendia, não tinha como explicar.
- Bee, você está bem? – Phil perguntou ao ver meus olhos vermelhos do choro reprimido.
- Não sei, talvez um pouco de dor de cabeça.
- Quer que eu te leve à enfermaria?
- Não, preciso assistir às aulas. Muito obrigada Phil.
- Bee, se estiver acontecendo algo, pode me falar, se eu puder ajudar. – Ele me segurou pelos braços no corredor – Você sabe, eu estou aqui por que eu gosto de você, não quero ver você triste. – Phil me beijou e eu me senti mais confortável. Quando me libertei dos seus braços, vi Ben voltando pra a sala, olhando para nós disfarçadamente.
Eu não conseguia entendê-lo. Cada vez mais chegava à conclusão de que precisava falar com ele. Mas, onde estava a minha coragem? O que eu ia falar pra ele? Eu não tinha o que falar, mas precisava falar.
A semana foi passando e a angústia crescia cada vez mais. Então, comecei a me preocupar mais com os estudos, e com o meu namorado, que estava ali, sempre disposto a me apoiar. Só que uma questão na saia da minha mente. Se eu tinha boas notas, uma família que me dava apoio e um namorado lindo que gostava tanto de mim quanto ele dizia, por que eu não me sentia feliz?
Em casa, todo mundo começou a notar minha depressão. Minha irmã mais velha, Anne, que estava passando as férias lá em casa, pediu pra conversar comigo um pouco.
- Bee, eu estou observando você tão quieta e nos cantos, está acontecendo alguma coisa? – Ela me perguntou, com o jeito de quem está curiosa, mas não que ser intrometida.
Anne era sempre tão atenciosa comigo. A melhor irmã mais velha que alguém podia pedir. Ela tinha se formado há um ano e meio. Tinha feito psicologia e estava morando em Nova York. Então, eu realmente podia confiar em falar as coisas pra ela, mesmo que ela fosse me analisar.
- Não sei explicar Anne. É um garoto da minha escola.
- Mas, você não está namorando o Phil?
- O Phil é ótimo, me trata bem, é lindo e gosta de mim, mas eu não estou feliz.
- Então, por que não termina o namoro e fica com esse outro garoto?
- Não é assim tão simples.
- Por que não?
- Nós não nos falamos.
- Como assim?
- Ben e eu estudamos juntos há um bom tempo. Mas ele sempre foi um garoto tímido e nós não tínhamos o que conversar. Pra falar a verdade, só nos falamos duas ou três vezes. Eu não achava que gostava dele até ele sumir por uma semana. Eu já estava com o Phil, estava bem, mas eu senti falta dele!
- Mas, se vocês não conversam, como você sabe que gosta dele?
- É, eu não sei.
- Por que você não conversa com ele? Sei lá, procura um assunto. Fale sobre música, sempre funciona. Eu não conheço uma pessoa que não goste de algum tipo de música. E talvez você possa saber mais sobre a vida dele. Mas, antes de qualquer coisa, acho melhor você pensar, decidir e conversar abertamente com o Phil.
Anne era tão madura. Ela sempre me ajudava quando eu precisava. Eu fiz o que ela sugeriu. Fui falar com o Ben. Foi durante o intervalo, como de costume estavam ele e Kevin na mesa. Eu fui andando com a minha bandeja e passei direto pela mesa onde Phil e seus amigos estavam. Passei direto também pela minha mesa de costume, com o pessoal do clube de matemática. Ben estava de costas pra mim, conversando animadamente com Kevin.
- Oi, posso me sentar aqui com vocês? – Falei, assim que cheguei na mesa. Ben parecia não aceitar a minha presença ali.
- Claro! Pode, pode sentar aqui. – Kevin respondeu.
- Muito obrigada Kevin. – Ben permaneceu em silêncio, encarando Kevin. Puxei minha cadeira ao lado dos dois. – Então Ben, não te vi por um tempo. Onde você estava?
- Er... Eu? – Ele pausou, como se estivesse colocando as idéias no lugar. – Eu fiquei em Los Angeles uma semana.
- Kevin me disse que você estava por lá. E aí, passeando antes das férias?
- Eu fui por que eu tinha uma competição lá. – Ben respondeu.
- Ben faz natação – Kevin me disse.
- Natação? – Como se eu não tivesse pensado isso ao ver os ombros dele – Que legal! Tem muito tempo que você nada?
- Tem seis anos.
- E você é bom? – Perguntei
- Não muito. – Ele respondeu.
- Garoto modesto. – Kevin disse. – Ele ficou em segundo lugar na prova de sábado e em terceiro na de domingo. Ele nada bem, você precisa ver.
- Talvez não o melhor de todos. Não ainda. – Eu disse, e sorri, encorajando Ben a continuar a conversa. Ele ficou calado. Kevin percebeu o silêncio e continuou falando.
- Então Ben, conta pra ela sobre a sua banda.
- Você tem uma banda?
- Não é bem assim.
- Então, por que você ficou uma semana fora mesmo? – Kevin provocou.
- Você estava tocando em Los Angeles?
- Na verdade, eu conheci uns caras legais lá em Los Angeles e eles tinham uma banda. Só que eles estavam sem guitarrista, o que é meio estranho. Os caras tocavam baixo e teclado e tem uma amiga que toca bateria muito bem. Como é que um cara que toca baixo não quer tocar guitarra na própria banda? Não me pergunte, mas foi uma sorte enorme encontrá-los lá.
- Eles tocam bem? – Eu perguntei.
- Além da Ellie, que é uma baterista divina, Josh é um gênio do baixo e Dan faz arranjos perfeitos. Nós vamos tocar em Los Angeles num festival de bandas que vai ter no verão e eu vou pra lá nas férias. – Ben terminou de contar
- Ellie... Engraçado, eu tenho uma prima com esse nome. Não nos vemos desde os dez anos. Mas ela não mora em Los Angeles.
- Ah, legal. Já imaginou se Ellie fosse sua prima? Eu conheceria alguém da sua família.
- É, e eu não conheceria ninguém – Kevin disse. Nós rimos.
O intervalo terminou e fomos caminhando pra a sala. Phil ficou me observando de longe. Agora eu tinha que decidir: o que eu queria enfim?
Certo, eu precisava falar com ele. Saber o que estava acontecendo. Tudo bem, nós não éramos amigos. Ben foi caminhando na direção de Kevin, que pareceu tão surpreso quanto eu com toda aquela mudança. No intervalo ouvi a conversa deles enquanto ia passando pra a minha mesa.
- Ben? É você mesmo? – Ou vi Kevin perguntar
- Pode considerar uma versão melhorada. – Ele respondeu
- E o que seria o motivo dessa mudança?
- Um lugar diferente, pessoas diferentes, garotas diferentes...
Bastou isso pra que eu fosse correndo pra me esconder em algum lugar. Phil tentou me seguir, sem entender o que estava acontecendo. Eu também não entendia, não tinha como explicar.
- Bee, você está bem? – Phil perguntou ao ver meus olhos vermelhos do choro reprimido.
- Não sei, talvez um pouco de dor de cabeça.
- Quer que eu te leve à enfermaria?
- Não, preciso assistir às aulas. Muito obrigada Phil.
- Bee, se estiver acontecendo algo, pode me falar, se eu puder ajudar. – Ele me segurou pelos braços no corredor – Você sabe, eu estou aqui por que eu gosto de você, não quero ver você triste. – Phil me beijou e eu me senti mais confortável. Quando me libertei dos seus braços, vi Ben voltando pra a sala, olhando para nós disfarçadamente.
Eu não conseguia entendê-lo. Cada vez mais chegava à conclusão de que precisava falar com ele. Mas, onde estava a minha coragem? O que eu ia falar pra ele? Eu não tinha o que falar, mas precisava falar.
A semana foi passando e a angústia crescia cada vez mais. Então, comecei a me preocupar mais com os estudos, e com o meu namorado, que estava ali, sempre disposto a me apoiar. Só que uma questão na saia da minha mente. Se eu tinha boas notas, uma família que me dava apoio e um namorado lindo que gostava tanto de mim quanto ele dizia, por que eu não me sentia feliz?
Em casa, todo mundo começou a notar minha depressão. Minha irmã mais velha, Anne, que estava passando as férias lá em casa, pediu pra conversar comigo um pouco.
- Bee, eu estou observando você tão quieta e nos cantos, está acontecendo alguma coisa? – Ela me perguntou, com o jeito de quem está curiosa, mas não que ser intrometida.
Anne era sempre tão atenciosa comigo. A melhor irmã mais velha que alguém podia pedir. Ela tinha se formado há um ano e meio. Tinha feito psicologia e estava morando em Nova York. Então, eu realmente podia confiar em falar as coisas pra ela, mesmo que ela fosse me analisar.
- Não sei explicar Anne. É um garoto da minha escola.
- Mas, você não está namorando o Phil?
- O Phil é ótimo, me trata bem, é lindo e gosta de mim, mas eu não estou feliz.
- Então, por que não termina o namoro e fica com esse outro garoto?
- Não é assim tão simples.
- Por que não?
- Nós não nos falamos.
- Como assim?
- Ben e eu estudamos juntos há um bom tempo. Mas ele sempre foi um garoto tímido e nós não tínhamos o que conversar. Pra falar a verdade, só nos falamos duas ou três vezes. Eu não achava que gostava dele até ele sumir por uma semana. Eu já estava com o Phil, estava bem, mas eu senti falta dele!
- Mas, se vocês não conversam, como você sabe que gosta dele?
- É, eu não sei.
- Por que você não conversa com ele? Sei lá, procura um assunto. Fale sobre música, sempre funciona. Eu não conheço uma pessoa que não goste de algum tipo de música. E talvez você possa saber mais sobre a vida dele. Mas, antes de qualquer coisa, acho melhor você pensar, decidir e conversar abertamente com o Phil.
Anne era tão madura. Ela sempre me ajudava quando eu precisava. Eu fiz o que ela sugeriu. Fui falar com o Ben. Foi durante o intervalo, como de costume estavam ele e Kevin na mesa. Eu fui andando com a minha bandeja e passei direto pela mesa onde Phil e seus amigos estavam. Passei direto também pela minha mesa de costume, com o pessoal do clube de matemática. Ben estava de costas pra mim, conversando animadamente com Kevin.
- Oi, posso me sentar aqui com vocês? – Falei, assim que cheguei na mesa. Ben parecia não aceitar a minha presença ali.
- Claro! Pode, pode sentar aqui. – Kevin respondeu.
- Muito obrigada Kevin. – Ben permaneceu em silêncio, encarando Kevin. Puxei minha cadeira ao lado dos dois. – Então Ben, não te vi por um tempo. Onde você estava?
- Er... Eu? – Ele pausou, como se estivesse colocando as idéias no lugar. – Eu fiquei em Los Angeles uma semana.
- Kevin me disse que você estava por lá. E aí, passeando antes das férias?
- Eu fui por que eu tinha uma competição lá. – Ben respondeu.
- Ben faz natação – Kevin me disse.
- Natação? – Como se eu não tivesse pensado isso ao ver os ombros dele – Que legal! Tem muito tempo que você nada?
- Tem seis anos.
- E você é bom? – Perguntei
- Não muito. – Ele respondeu.
- Garoto modesto. – Kevin disse. – Ele ficou em segundo lugar na prova de sábado e em terceiro na de domingo. Ele nada bem, você precisa ver.
- Talvez não o melhor de todos. Não ainda. – Eu disse, e sorri, encorajando Ben a continuar a conversa. Ele ficou calado. Kevin percebeu o silêncio e continuou falando.
- Então Ben, conta pra ela sobre a sua banda.
- Você tem uma banda?
- Não é bem assim.
- Então, por que você ficou uma semana fora mesmo? – Kevin provocou.
- Você estava tocando em Los Angeles?
- Na verdade, eu conheci uns caras legais lá em Los Angeles e eles tinham uma banda. Só que eles estavam sem guitarrista, o que é meio estranho. Os caras tocavam baixo e teclado e tem uma amiga que toca bateria muito bem. Como é que um cara que toca baixo não quer tocar guitarra na própria banda? Não me pergunte, mas foi uma sorte enorme encontrá-los lá.
- Eles tocam bem? – Eu perguntei.
- Além da Ellie, que é uma baterista divina, Josh é um gênio do baixo e Dan faz arranjos perfeitos. Nós vamos tocar em Los Angeles num festival de bandas que vai ter no verão e eu vou pra lá nas férias. – Ben terminou de contar
- Ellie... Engraçado, eu tenho uma prima com esse nome. Não nos vemos desde os dez anos. Mas ela não mora em Los Angeles.
- Ah, legal. Já imaginou se Ellie fosse sua prima? Eu conheceria alguém da sua família.
- É, e eu não conheceria ninguém – Kevin disse. Nós rimos.
O intervalo terminou e fomos caminhando pra a sala. Phil ficou me observando de longe. Agora eu tinha que decidir: o que eu queria enfim?
Hehehehehehe
ResponderExcluirMais um dia de Bee e Ben (é, eu sei é brega, mas eu acho graça =D)
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirSério, preciso perguntar às pessoas um nome pra a história (Bee e Ben? Ninguém merece, né Rebeca?)