Capítulo 8
Eu e Ellie nos mantínhamos sempre estudando pra que eu não perdesse o pique. Depois do ensaio, nós revisávamos o que ela tinha aprendido durante o dia. Por isso, fiquei mais próximo dela do que de Josh e Dan, mesmo com todos os ensaios.
Na quinta-feira à noite, recebi uma ligação inesperada. Meu celular devia ter tocado a tarde toda e nós já estávamos saindo da garagem quando enfim eu resolvi atendê-lo. Eu, Ellie e Josh estávamos caminhando em direção à casa da Ellie, que era ali perto.
- Alô? – Ninguém disse nada. – Tem alguém aí?
- Oi.
- Quem está falando? – Eu conhecia aquela voz de algum lugar.
- Oi Ben. Aqui é... É Beatrice Parker.
- Quem? Beatrice Parker? - Não conseguia acreditar que era ela falando comigo.
- Sim Ben, sou eu.
- Quem te deu meu número? – Foi a primeira pergunta que eu consegui formular. Não me lembrava de sequer falar com Beatrice, quanto mais dar meu número de telefone pra ela. Por que ela estava me ligando?
- Ah, er... Foi o Kevin.
- Sim. – Só podia ser - Algum problema Beatrice? – Tinha que ter um motivo pra ela me ligar.
- Não, não. Só queria saber... – Ela pausou e eu fiquei tenso com o que poderia vir a seguir - Só queria saber por que não tem ido pra a escola.
- Estou com outros planos. Por acaso seu namorado sabe que você está me ligando? – Se ele soubesse, eu poderia ser pulverizado, ou coisa similar.
- Eu não estou te ligando por causa de você. – Falei o que não devia - É... Por causa do Kevin.
- Não disse que você tinha ligado por mim, mas que se seu namorado descobrir que você está me ligando eu posso ser encontrado morto na balsa do lixo. – Precisava consertar o que tinha dito.
- Não Ben. Você abandonou o Kevin. – Abandonei o Kevin? Eu liguei pra ele terça-feira! - Ele está sempre sozinho no refeitório, sabe, está dando pena. Quando você volta? – Desde quando ela se importava comigo e Kevin? Eu sempre fui um insignificante.
- Não sei, estou vendo por aqui. – Resolvi ser frio. Ela não precisava saber que eu estava morrendo de saudades... Principalmente dela. - Não estou sentindo muita falta daí, e o Kevin pode vir me visitar. Mas, como estamos terminando o ano, e é o último, vou voltar em breve.
- Ótimo. Quer dizer, ok. Até mais ver.
- Até.
Meu Deus, o que eu tinha feito? Aquela voz doce, falando comigo, e eu agi desse jeito! Eu devo ter ficado paralisado, como sempre, depois que falei com ela. Josh notou minha reação.
- O que foi cara? Alguém morreu? – Ele perguntou
- Não, foi uma amiga que ligou. – Respondi, talvez pálido.
- E você fica assim?
- Ah, sim, me desculpe Ben. Esqueci o recado – Ellie disse.
- Que recado? – Perguntei imediatamente.
- Uma garota, Beatrice, te ligou hoje de tarde, quando você foi comer alguma coisa. Eu estava tentando me concentrar no solo de uma música e o celular estava me atrapalhando, então eu atendi. Me desculpe. Ela pediu pra você ligar de volta. Foi a mesma garota?
- Mas, por que você atendeu meu telefone? – E se Beatrice estivesse pensando que Ellie era minha namorada? E se ela nunca mais olhasse na minha cara? Mas, por que eu estava me preocupando com isso? Beatrice estava com Phil, eu tinha o direito de conhecer outras pessoas.
- Eu já pedi desculpas. Estava mesmo me incomodando. Não fiz por mal, da próxima vez vou sair da garagem.
- Qual é cara? Essa Beatrice é sua namorada? – Josh perguntou. Ellie ficou em silêncio, esperando a minha resposta.
- Não. - respondi
- E por que ficou tão nervoso? – Ele perguntou de novo.
- É por que, é estranho, ela nunca me ligou.
- Oh, sei, típico caso de amor não correspondido. – Josh disse. Ele e Ellie riram e eu fiquei sério. Sabia que era exatamente aquilo.
- Desculpa, tá? Não quis destruir suas chances com a garota. – Ellie disse.
- Não se preocupe. Me desculpe por ser tão grosseiro. Eu e Beatrice não temos nada.
- Humm, sei, talvez por que ela não quer. – Ellie observou.
- Não, ela tem namorado. Eu não sou e nem quero ser a segunda opção pra ela.
Eu menti com tanta convicção, que quase acreditei em mim. Menti sobre o que estava sentindo realmente. Ellie deve ter desconfiado do que eu disse, por que ela me olhou e sorriu. Mas eu realmente não entendia. O que Beatrice queria? Acabar com a minha paz, onde quer que eu esteja?
Depois da ligação, o clima ficou pesado entre mim e Ellie e em casa ela pareceu mais séria. No dia seguinte, resolvi que seria melhor se eu pedisse desculpas.
- Ellie, me desculpe pelo que fiz ontem.
- Tudo bem, sem problemas. Você está sendo uma ajuda enorme aqui, eu não tenho como agradecer.
- Eu ainda não conheci as tais universidades de Los Angeles e tenho certeza de que minha mãe vai pedir um relatório. Você bem que podia me guiar pela cidade, me mostrar o que eu não conheço, ou seja, tudo. – Ellie sorriu quando eu disse isso. Ela tinha um sorriso lindo.
- Tudo bem garoto, vou te dar uma folga. Mas só por que eu sei que, se sua mãe perguntar e você não souber o que dizer, você não volta aqui tão cedo.
- Engraçado, eu penso o mesmo. – Ela continuou sorrindo. Era muito boa a sensação de fazer alguém sorrir.
Ellie me mostrou as faculdades e universidades que poderia mostrar, além dos pontos turísticos. O cutlass 1970, vermelho cereja de Ellie rodou a tarde toda. Ela tinha um apego especial com aquele carro que, mesmo antigo, matinha uma aparência impecável. Era conversível com uma capota bege. Parecia artigo de colecionador. Me perguntava onde ela tinha achado um daqueles.
Sábado de manhã fizemos nosso último ensaio. Ellie me chamou pra conversar depois que fomos embora da casa do Dan.
- Você sabe que minha rotina mudou completamente depois que você chegou aqui, não sabe? – Ela me perguntou
- Imaginei isso. – Respondi – Visitas sempre alteram as rotinas. – Eu sorri e ela riu de volta.
- Já que você vai embora amanhã, vou te mostrar aonde eu vou para tirar o estresse no fim de semana.
- Aonde vamos?
- Um lugar que você deve se sentir em casa.
- Não faço idéia.
- Vou te levar pra o mar, peixinho.
Chegamos em casa e não tinha almoço, por que eu tinha passado a manhã fora. Pedimos uma pizza e depois fomos de carro até Santa Mônica. O mais incrível é que, além de tocar bateria, Ellie ainda surfava.
- Já que você nada, vou te ensinar a subir numa prancha. – Ela disse, assim que chegamos à praia. – Aqui não é o Havaí, mas dá pra você aprender alguma coisa.
- Mas você só tem uma prancha. Então eu fico ali sentado observando enquanto você surfa.
- Eu tenho uns amigos que alugam pranchas. Não pense que vai escapar de mim assim tão fácil.
- Oh cara, eu não confio tanto assim em mim.
- Já que não confia em você, confie na sua instrutora, a melhor surfista da Califórnia.
Alugamos a prancha e fomos para a água. Antes, Ellie me obrigou a passar protetor, principalmente no rosto, parecendo minha mãe quando íamos passar férias na praia.
Na quinta-feira à noite, recebi uma ligação inesperada. Meu celular devia ter tocado a tarde toda e nós já estávamos saindo da garagem quando enfim eu resolvi atendê-lo. Eu, Ellie e Josh estávamos caminhando em direção à casa da Ellie, que era ali perto.
- Alô? – Ninguém disse nada. – Tem alguém aí?
- Oi.
- Quem está falando? – Eu conhecia aquela voz de algum lugar.
- Oi Ben. Aqui é... É Beatrice Parker.
- Quem? Beatrice Parker? - Não conseguia acreditar que era ela falando comigo.
- Sim Ben, sou eu.
- Quem te deu meu número? – Foi a primeira pergunta que eu consegui formular. Não me lembrava de sequer falar com Beatrice, quanto mais dar meu número de telefone pra ela. Por que ela estava me ligando?
- Ah, er... Foi o Kevin.
- Sim. – Só podia ser - Algum problema Beatrice? – Tinha que ter um motivo pra ela me ligar.
- Não, não. Só queria saber... – Ela pausou e eu fiquei tenso com o que poderia vir a seguir - Só queria saber por que não tem ido pra a escola.
- Estou com outros planos. Por acaso seu namorado sabe que você está me ligando? – Se ele soubesse, eu poderia ser pulverizado, ou coisa similar.
- Eu não estou te ligando por causa de você. – Falei o que não devia - É... Por causa do Kevin.
- Não disse que você tinha ligado por mim, mas que se seu namorado descobrir que você está me ligando eu posso ser encontrado morto na balsa do lixo. – Precisava consertar o que tinha dito.
- Não Ben. Você abandonou o Kevin. – Abandonei o Kevin? Eu liguei pra ele terça-feira! - Ele está sempre sozinho no refeitório, sabe, está dando pena. Quando você volta? – Desde quando ela se importava comigo e Kevin? Eu sempre fui um insignificante.
- Não sei, estou vendo por aqui. – Resolvi ser frio. Ela não precisava saber que eu estava morrendo de saudades... Principalmente dela. - Não estou sentindo muita falta daí, e o Kevin pode vir me visitar. Mas, como estamos terminando o ano, e é o último, vou voltar em breve.
- Ótimo. Quer dizer, ok. Até mais ver.
- Até.
Meu Deus, o que eu tinha feito? Aquela voz doce, falando comigo, e eu agi desse jeito! Eu devo ter ficado paralisado, como sempre, depois que falei com ela. Josh notou minha reação.
- O que foi cara? Alguém morreu? – Ele perguntou
- Não, foi uma amiga que ligou. – Respondi, talvez pálido.
- E você fica assim?
- Ah, sim, me desculpe Ben. Esqueci o recado – Ellie disse.
- Que recado? – Perguntei imediatamente.
- Uma garota, Beatrice, te ligou hoje de tarde, quando você foi comer alguma coisa. Eu estava tentando me concentrar no solo de uma música e o celular estava me atrapalhando, então eu atendi. Me desculpe. Ela pediu pra você ligar de volta. Foi a mesma garota?
- Mas, por que você atendeu meu telefone? – E se Beatrice estivesse pensando que Ellie era minha namorada? E se ela nunca mais olhasse na minha cara? Mas, por que eu estava me preocupando com isso? Beatrice estava com Phil, eu tinha o direito de conhecer outras pessoas.
- Eu já pedi desculpas. Estava mesmo me incomodando. Não fiz por mal, da próxima vez vou sair da garagem.
- Qual é cara? Essa Beatrice é sua namorada? – Josh perguntou. Ellie ficou em silêncio, esperando a minha resposta.
- Não. - respondi
- E por que ficou tão nervoso? – Ele perguntou de novo.
- É por que, é estranho, ela nunca me ligou.
- Oh, sei, típico caso de amor não correspondido. – Josh disse. Ele e Ellie riram e eu fiquei sério. Sabia que era exatamente aquilo.
- Desculpa, tá? Não quis destruir suas chances com a garota. – Ellie disse.
- Não se preocupe. Me desculpe por ser tão grosseiro. Eu e Beatrice não temos nada.
- Humm, sei, talvez por que ela não quer. – Ellie observou.
- Não, ela tem namorado. Eu não sou e nem quero ser a segunda opção pra ela.
Eu menti com tanta convicção, que quase acreditei em mim. Menti sobre o que estava sentindo realmente. Ellie deve ter desconfiado do que eu disse, por que ela me olhou e sorriu. Mas eu realmente não entendia. O que Beatrice queria? Acabar com a minha paz, onde quer que eu esteja?
Depois da ligação, o clima ficou pesado entre mim e Ellie e em casa ela pareceu mais séria. No dia seguinte, resolvi que seria melhor se eu pedisse desculpas.
- Ellie, me desculpe pelo que fiz ontem.
- Tudo bem, sem problemas. Você está sendo uma ajuda enorme aqui, eu não tenho como agradecer.
- Eu ainda não conheci as tais universidades de Los Angeles e tenho certeza de que minha mãe vai pedir um relatório. Você bem que podia me guiar pela cidade, me mostrar o que eu não conheço, ou seja, tudo. – Ellie sorriu quando eu disse isso. Ela tinha um sorriso lindo.
- Tudo bem garoto, vou te dar uma folga. Mas só por que eu sei que, se sua mãe perguntar e você não souber o que dizer, você não volta aqui tão cedo.
- Engraçado, eu penso o mesmo. – Ela continuou sorrindo. Era muito boa a sensação de fazer alguém sorrir.
Ellie me mostrou as faculdades e universidades que poderia mostrar, além dos pontos turísticos. O cutlass 1970, vermelho cereja de Ellie rodou a tarde toda. Ela tinha um apego especial com aquele carro que, mesmo antigo, matinha uma aparência impecável. Era conversível com uma capota bege. Parecia artigo de colecionador. Me perguntava onde ela tinha achado um daqueles.
Sábado de manhã fizemos nosso último ensaio. Ellie me chamou pra conversar depois que fomos embora da casa do Dan.
- Você sabe que minha rotina mudou completamente depois que você chegou aqui, não sabe? – Ela me perguntou
- Imaginei isso. – Respondi – Visitas sempre alteram as rotinas. – Eu sorri e ela riu de volta.
- Já que você vai embora amanhã, vou te mostrar aonde eu vou para tirar o estresse no fim de semana.
- Aonde vamos?
- Um lugar que você deve se sentir em casa.
- Não faço idéia.
- Vou te levar pra o mar, peixinho.
Chegamos em casa e não tinha almoço, por que eu tinha passado a manhã fora. Pedimos uma pizza e depois fomos de carro até Santa Mônica. O mais incrível é que, além de tocar bateria, Ellie ainda surfava.
- Já que você nada, vou te ensinar a subir numa prancha. – Ela disse, assim que chegamos à praia. – Aqui não é o Havaí, mas dá pra você aprender alguma coisa.
- Mas você só tem uma prancha. Então eu fico ali sentado observando enquanto você surfa.
- Eu tenho uns amigos que alugam pranchas. Não pense que vai escapar de mim assim tão fácil.
- Oh cara, eu não confio tanto assim em mim.
- Já que não confia em você, confie na sua instrutora, a melhor surfista da Califórnia.
Alugamos a prancha e fomos para a água. Antes, Ellie me obrigou a passar protetor, principalmente no rosto, parecendo minha mãe quando íamos passar férias na praia.
"A melhor surfista da california"? WOW!
ResponderExcluirEssa ai confia no proprio taco hein?? cheia d perigon essa menina!! suhsuhuh
Tem que dar uma melhorada,né? kkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirDois capítulos de Ben seguidos? É pra acompanhar temporalmente a narratva de Bee?
ResponderExcluirSim, vai ter mais uns capítulos de Ben, pra acompanhar a história de Beatrice.
ResponderExcluirAté de carro essa menina entende... E "A melhor surfista da California", então? Modéstia total, aí
ResponderExcluirAté agora, para mim, foi o melhor capítulo.
ResponderExcluirAs decisões de Ben, me surpreenderam!
Fora a idéia de realacionar a ligação de Breatice com a estada de Ben em Los Angeles e a voz ser de Ellie... véi quando eu li sobre o telefonema sequer imaginei que era pro celular de Ben, pensei q era pra casa dele e quem tinha atendido tinha sido a mãe. Acho que sou retardada!!! kkk...
Elianai...então somos dois retardados, eu imaginei exatamente a mesma coisa shuahuahsuhaush
ResponderExcluirRaquel...parabéns menina...
1º Guitarra, carros, universidades estadunidenses, musica...sabre o que vc não sabe?? O.o kkkk
2º a Forma como escreve a historia...nossa, é incrivel...o que sempre me fascina em certos autores é escrever um paragrafo e quando a gente lê, percebe que ele já tinha em mente dois ou três capitulos adiante...
percebi isso por causa do telefonema...muito bom *.*