Capítulo 10 - E título escolhido!

Enfim encontrei um nome para a nossa história! Conforme eu for escrevendo, o título vai fazer mais sentido. Espero que seja um título agradável, mesmo que seja um pouco confuso. O nome será Somewhere a clock is ticking que é o nome de uma música do Snow Patrol, muito boa por sinal, e significa "Em algum lugar um relógio está batendo" em minha tradução livre. Tirem suas próprias conclusões. (Atóóóóóóóron!!!)

Agora, todos prontos? Capítulo X de SACIT (kkkkkkkkkkkkkkkk) online!!!



CAPÍTULO X

Observei da janela do ônibus Ellie gradativamente se afastando. Junto com ela, se afastava também a minha paz: Los Angeles. Tinha sido uma boa semana, eu não podia negar.

Lembrei da caixinha que Ellie me deu e, como se não estivesse curioso, fui abrindo lentamente. Espero que você goste e use... A voz de Ellie soava em minha mente. Dentro da caixa preta tinha um estojo de óculos e um bilhete dobrado. Abri e comecei a ler.

Querido Ben,

Não sei se você vai mesmo usar o óculos, mas achei que ficaria bonito com ele. Encontrei-o numa loja, voltando pra casa, e como você ia embora no domingo, queria que levasse com você algo que pareça comigo. É quase igual ao meu.

Com amor,
Ellie
P.S: Eu não disse, mas adoro seus olhos.


Dentro do estojo estava um Wayfarer preto. Pensei em quanto ela havia gasto com ele. Parecia que ela sabia que eu gostava do seu wayfarer preto com detalhes vermelhos. E como ela ficava linda com ele. Fiquei olhando para a estrada e acabei pegando no sono. Tinha acordado tão cedo.

- Ei garoto – Alguém mexeu no meu ombro – Chegamos à La Palma. Vai voltar dormindo para Los Angeles? – Um senhor negro, alto, me perguntava com o ar bem humorado.
- Obrigado por me acordar – Eu disse
- Por nada jovem. Só não queria que se assustasse de ainda estar em Los Angeles.

Meu pai foi me buscar no terminal rodoviário. No caminho, ele me perguntou como foi minha estadia em Los Angeles e depois fez uma série de reclamações sobre eu ter faltado o emprego.

- Ben, você foi muito irresponsável. Não podia ter faltado uma semana. O Sr. Turner ligou pra nós na quarta-feira à noite dizendo que precisava falar com você. É óbvio que você foi demitido! Como vai me pagar sua guitarra? – Mal eu tinha chegado, as pressões voltavam pra a cabeça. Bem que eu poderia continuar em LA.
- Pai, eu realmente não me arrependo disso.
- Não se arrepende? Sua sorte é que tem algumas cartas de admissão lá em casa. Se não, você ficaria de castigo até poder sair de lá com suas próprias pernas.
- Admissão? – Eu não estava esperando por aquilo. Qual teria sido a universidade que me aceitou?
- Sim, parece que você foi aceito em mais de duas.
- Quais?
- Sua mãe não me deixou olhar. Eu não deveria nem te contar isso, ela quer que seja surpresa. Portanto, quando chegarmos em casa, finja que não sabe de nada, está entendendo?
- Está bem pai.

Nós chegamos em casa quase na hora do almoço. Minha mãe veio me receber na porta e Claire estava lá, com aquela cara apática de sempre.

- Ben! – Minha mãe veio em minha direção. – Senti muito a sua falta. Pensei que não voltaria mais. O que achou de Los Angeles?
- Muito bem, minha felicidade de ser filha única acabou, pra onde eu fujo agora? – Claire disse, com um tom ácido. Eu olhei pra ela e não disse nada.
- Claire, já pra o quarto. – Meu pai disse àquela criatura infeliz. Me perguntava quando ela iria pintar cabelo, unhas e todas as roupas de preto e virar gótica de uma vez. Ela tinha 13 anos, estava perto da idade da revolta, podia fazer logo isso.
- Mas pai... – Ela começou a se justificar
- Harry, por favor. – Minha mãe disse
- Liz... – Ele disse, como se ela estivesse tirando sua autoridade.
- Ben, temos boas notícias pra você. – Minha mãe disse, sem dar nem um pouco de crédito às palavras do meu pai. Ele me olhou querendo que eu parecesse surpreso.
- Boas notícias? – Perguntei, como se já não soubesse o que era. Só me perguntava quais teriam sido as universidades.

Coloquei minha mala no quarto e voltei pra a sala, fingindo que não entendia aquela reunião familiar. Meu pai pareceu satisfeito.

- Ben, chegaram cartas de admissão pra você. Me desculpe, eu abri para ler. Estava muito curiosa. – Minha mãe disse, com um sorriso enorme no rosto. – Pode olhá-las.

Uma delas era da Berkeley, a outra da Universidade do estado da Califórnia e a terceira da UCLA. Eu fiquei muito pasmo de ter sido chamado nas três que eu tinha me candidatado.

- Elas chegaram ao mesmo tempo? – Eu perguntei. Não era possível que, só por que eu tinha ficado uma semana fora, todas as admissões resolveram chegar. Além disso, já havia um tempo que Kevin tinha recebido algumas cartas de universidades e eu tinha pensado que não tinha sido chamado. - E por que tão tarde?
- Na verdade, sua mãe está guardando essas admissões há um tempo. Ela pensou que poderiam chegar mais, então, deixei que ela fizesse o que queria. – Meu pai respondeu. Se ela soubesse que eu só me inscrevi para essas, não teria guardado.
- E aí Ben, já escolheu qual delas você quer cursar? – Minha mãe perguntou.

Eu tinha escolhido a maioria das universidades em Los Angeles, pensando que seria mais fácil ver minha família, sempre que tivesse um tempo. Mas de todas, a que eu mais queria estudar era a UCLA.

- UCLA – respondi automaticamente.
- Decidiu assim tão rápido? Berkeley também é muito boa – Claire disse, mostrando o quanto ela queria me ver longe.
- Claire, mesmo que você queira que eu vá para o inferno, eu sinto muito. Eu vou pra onde eu quiser ir. - Não entendia por que aquela garota me odiava tanto.
- É uma pena – ela respondeu
- Acalmem-se crianças – minha mãe disse – Meus parabéns Ben. Nós sabíamos que você conseguiria. Nem sei como consegui te esconder isso tanto tempo. Agora, só temos que esperar pela Claire...
- Liz, não pressione. – Meu pai falou

Claire subiu correndo as escadas, resmungando.

- Depois ainda se perguntam por que eu o detesto...

Eu estava decidido a ignorar essa cisma da Claire comigo. Eu não me lembrava de quando isso começou, mas o ponto alto disso foi quando ela quebrou minha guitarra. Ok, isso eu não esqueceria. Não mesmo.

Em pensar que eu poderia me mudar de vez pra Los Angeles no próximo outono... Me senti muito mais aliviado. Era tão boa a sensação de dever cumprido.

Passei o resto da tarde treinando na guitarra algumas músicas que eu considerava trabalhosas, entre elas Sultans of Swing, de Dire Straits. No fim do dia já conseguia fazer o solo todo. E meu domingo terminou por ouvir músicas velhas no ipod. O rosto de Ellie não saia da minha cabeça. Precisava decidir o que eu queria da minha vida: lutar por Beatrice ou ficar com Ellie? De tanto pensar acabei pegando no sono.

Um barulho longe começou a me acordar. Que horas deveriam ser? Há quanto tempo esse som estava tocando? Isso parecia o som do despertador! Acordei sobressaltado e vi que estava atrasado quase meia hora. Tomei um banho rápido, misturei um pouco de cereal no leite e fui comendo enquanto calçava os pés. Peguei os óculos que Ellie me deu, pus no rosto, larguei o cereal em cima da mesa e saí correndo pra dar tempo de pegar o ônibus da escola. Não tive tempo sequer de pentear o cabelo. Perdi o ônibus. Voltei, peguei minha bicicleta e fui o mais rápido que pude para a escola. Era uma pena não ter um carro.

Cheguei na escola faltando cinco minutos para começar a aula. Beatrice estava sentada no mesmo lugar de sempre, e eu me esforcei o máximo para não olhar pra ela. Mas ela me olhou. Senti um tremor nas pernas. Fui andando em direção ao Kevin, precisando me sentar o mais rápido que pudesse. Apesar de toda a minha aparente mudança, ainda não conseguia olhar para Beatrice sem ficar nervoso. Me perguntava por que.

No intervalo, eu e Kevin nos sentamos na mesa de costume.

- Ben? É você mesmo? – Ele me perguntou
- Pode considerar uma versão melhorada. – Respondi, quando notei que Beatrice estava se aproximando.
- E o que seria o motivo dessa mudança? – Kevin me perguntou, confuso com minha resposta.
- Um lugar diferente, pessoas diferentes, garotas diferentes... – Eu sabia que ela não se importava comigo, mas eu queria que ela soubesse que eu estive bem no tempo que passei fora.
- Garotas? – Kevin perguntou

Contei a ele sobre a natação, sobre Dan, Josh, a banda, sobre o surfe em Santa Mônica e sobre Ellie.

- Talvez essa seja sua oportunidade esquecer dela. – Kevin disse, falando de Beatrice.

Antes de o intervalo terminar, levantei da mesa e fui em direção à sala. Passando pelo corredor, vi exatamente o que eu não queria ver: Phil e Beatrice se beijando. Adiantei meus passos e fui direto para a sala.

A semana foi passando e eu fui ficando cada vez mais confuso. Não sabia o que devia fazer. Tinha perdido meu emprego na lanchonete, não tinha como pagar minha guitarra. Propus ao meu pai trabalhar na loja de carros sem receber nada pra pagar o que eu devia. Ele aceitou e eu iria começar na segunda-feira.

Uma manhã, no intervalo, Beatrice conseguiu me deixar mais indeciso do que eu já estava. Ela foi para a nossa mesa.

- Oi, posso me sentar aqui com vocês? – Ela disse. Eu não conseguia acreditar que ela estava ali.
- Claro! Pode, pode sentar aqui. – Kevin respondeu.
- Muito obrigada Kevin. – Ela agradeceu com aquela voz doce e eu permaneci em silêncio. Ela puxou uma cadeira entre mim e Kevin – Então Ben, não te vi por um tempo. Onde você estava?
- Er... Eu? – Pausei, para colocar as idéias no lugar – Eu fiquei em Los Angeles uma semana. – Respondi o óbvio.
- Kevin me disse que você estava por lá. E aí, passeando antes das férias? – Ela me perguntou.
- Eu fui por que eu tinha uma competição lá. – Respondi, ainda sem saber por que ela estava falando conosco.
- Ben faz natação – Kevin disse.
- Natação? – Ela perguntou surpresa – Que legal! Tem muito tempo que você nada?
- Seis anos. - Respondi
- E você é bom? – Ela continuou perguntando
- Não muito. – Respondi.
- Garoto modesto. – Kevin disse. – Ele ficou em segundo lugar na prova de sábado e em terceiro na de domingo. Ele nada bem, você precisa ver.
- Talvez não o melhor de todos. Não ainda. – Ela disse, e sorriu. Eu fiquei calado. Kevin percebeu o silêncio e continuou falando.
- Então Ben, conta pra ela sobre a sua banda.
- Você tem uma banda? – Ela perguntou
- Não é bem assim. – respondi. Na verdade, não conseguia pensar direito quando ela estava do meu lado.
- Então, por que você ficou uma semana fora mesmo? – Kevin provocou. Odiava quando ele fazia isso.
- Você estava tocando em Los Angeles? – Beatrice questionou.
- Na verdade, eu conheci uns caras legais lá em Los Angeles e eles tinham uma banda. Só que eles estavam sem guitarrista, o que é meio estranho. Os caras tocavam baixo e teclado e tem uma amiga que toca bateria muito bem. Como é que um cara que toca baixo não quer tocar guitarra na própria banda? Não me pergunte, mas foi uma sorte enorme encontrá-los lá. – Falei animado, relaxando mais com a presença de Beatrice.
- Eles tocam bem? – Ela perguntou.
- Além da Ellie, que é uma baterista divina, Josh é um gênio do baixo e Dan faz arranjos perfeitos. Nós vamos tocar em Los Angeles num festival de bandas que vai ter no verão e eu vou pra lá nas férias. – Continuei contando.
- Ellie... Engraçado, eu tenho uma prima com esse nome. Não nos vemos desde os dez anos. Mas ela não mora em Los Angeles. – Pensei em Ellie e conclui que ela não parecia nada com Beatrice.
- Ah, legal. – Refleti um pouco - Já imaginou se Ellie fosse sua prima? Eu conheceria alguém da sua família.
- É, e eu não conheceria ninguém – Kevin disse. Nós rimos.

Foi um intervalo divertido. Seria muito bom se ela sempre quisesse se sentar conosco. O pior de tudo era que quanto mais coisas aconteciam, menos certeza eu tinha sobre minha vida.

Comentários

  1. Sim, a história vai muito bem, obrigado. Mas como é que um simples mortal consegue reproduzir fielmente o solo de Sultans of Swing em apenas um dia? Mark Knopfler é o cara, ele que ensinou o Ben? Impossível...

    You get a shiver in the dark, it's raining in the park, but meantime...

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  2. ELE TREINOU A TARDE TODA (OK, assumo, Ben é o cara que eu queria que existisse, então, ele tem que ser semi-perfeito)kkkk

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  3. Ele treinou a tarde toda... eu treinei a minha vida toda e até hoje eu só sei a base... O solo nem passa perto...

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