Capitulo 25 - POV Ellie part 2
Um mês inteiro passou eu não aguentava mais de ansiedade. Todas as músicas de trilha sonora que eu tinha no Ipod me lembravam Ben.
Teve todo aquele negócio de formatura e eu fui com Josh por que ele estava sem companhia, como eu. A festa foi boa, mas eu ficaria muito mais feliz se Ben me acompanhasse.
O pior era que eu não sabia direito se eu estava apaixonada por ele. Ele era um garoto legal, que eu gostava de estar perto, que tinha boas conversas, gostava de boa música e seria um excelente namorado, com certeza. Eu gostava de sorrir quando conversávamos, eu pensava nele todo tempo. Mas eu pensava se não estava sendo rápida demais. Talvez eu não quisesse admitir que estava gostando dele. Não tive coragem de ligar sequer um dia, com medo de ouvi-lo dizer que ia demorar mais pra chegar do que eu estava esperando.
Uma manhã dessas eu estava lavando o carro quando do nada um carro estacionou. Eu nunca tinha visto aquele carro na minha vida, era de um azul brilhante, muito lindo por sinal. Mas eu não me importei muito e continuei lavando o meu carro. Só que alguém familiar estava encostado no carro, de óculos escuros: Ben. Meu coração acelerou tanto que eu já estava sem conseguir pensar direito.
- Ben? - Larguei tudo o que tinha na mão e fui caminhando ao encontro dele. Ele estava usando o óculos que eu dei. Ele tirou os óculos, deu um sorriso e eu fiquei "ai meu Deus... Como ele está lindo...". Ele parecia mais bonito do que eu lembrava.
- Oi Ellie. - Ele disse sorrindo. Eu ainda não conseguia acreditar que ele tinha chegado.
- O quê? O que você está fazendo aqui? Por que não me ligou? Por que não avisou que vinha? - Ele continuava sorrindo, sem dizer nada - O que você está rindo? Meu Deus, eu lavando o carro, nem fiz nada pra você. - Por que eu estava me preocupando com aquilo? - Se bem que você é de casa, não precisa mais disso.
- Eu não sou mais visita? - ele perguntou.
- Já esqueceu que você morou aqui uma semana, cozinheiro? - Aí eu percebi por que ele estava rindo. Nossas camisas eram iguais. - Entendi agora. - apontei pra as duas camisas - Vai ficar aí fora? Entra em casa!
- E você não vai nem me cumprimentar direito? - Eu dei um abraço apertado nele e, nossa, como ele cheirava bem. Puxei-o pelo jardim.
- Carrão, hein? - Me toquei que aquele carro azul bonito era dele - Se eu fosse você, me ajudava a lavar o meu grande carro agora. - Peguei a mangueira a jato e joguei água nele. Não sei por que fiz aquilo, mas deu vontade.
Ele pegou um balde cheio de água e jogou em mim.
- Ben! - desliguei a mangueira e continuei falando - Eu luto karatê, sabia? Posso me defender fácil...
- Sério? - ele perguntou - Tô morrendo de medo. - Tão sarcástico...
Liguei de novo a mangueira e joguei mais água nele. Então, me joguei nas costas dele, nós caímos no chão e eu fiquei fingindo que estava paralisando ele. Estava muito feliz que ele tinha voltado.
- Que bom que está de volta. Senti saudades. - Ops, palavra errada.
- Pra mim também é muito bom voltar. - Ele falou.
- Ok, precisamos sair daqui, isso está ficando estranho - eu disse, por que realmente estavamos estranhos, jogados na grama, totalmente molhados - Vou trocar de roupa.
- Ellie, eu vou ter que voltar pra o hotel. Você acabou com toda possibilidade de que eu ficasse aqui durante a tarde.
- Por que? - Perguntei. Eu sabia que tinha sido terrível, mas aquilo estava engraçado. Mordi os lábios para segurar o riso.
- Olha pra mim. A única coisa seca que eu tenho é... Acho que nada. - Aí eu ri mesmo
- Tudo bem, ponho sua roupa na secadora. - Era uma solução prática e viável pra que ele passase a tarde comigo.
- E enquanto isso eu fico vestido com? - É, realmente, não tinha pensado nisso.
- Se enrola numa tolha, não tem nada demais. Só não te ofereço uma das minhas roupas por que eu acho que você ficaria muito bonito de saia e seria uma concorrência muito grande pra mim - Ri mais ainda da besteira que falei. Eu ficava falando um monte de idiotice quando Ben estava perto.
- Ha, ha, muito engraçado - ele disse.
- Sério, o único garoto que ainda está por aqui pesa 110 kg, as roupas dele definitivamente não caberiam em você - E ele ficaria ridículo com as roupas do Gerald...
Entreguei uma toalha a Ben e deixei-o na sala. Sugeri que ele fosse trocar de roupa no quarto de cima, enquanto eu trocava minha roupa e voltava pra pegar a dele. Ele ficou lá no quarto, vendo um programa, acho que Extreme Makeover, enquanto eu colocava as roupas pra secar.
Depois disso, fomos à casa de Dan, ensaiamos um pouco e Ben mostrou uma música que ele escreveu. Dava pra ver que foi pra a garota que ele gostava, a tal Beatrice, por que dizia coisas como "Agora estou indo pra Los Angeles" e "Eu não quero seus beijos de despedida". Aquilo ficou na minha cabeça. Ele estava aqui, comigo, mas eu não me sentia tão segura. Ele amava aquela garota e estava magoado, a música deixou claro. Mas era uma música linda, eu tinha que admitir.
Nós fomos comer alguma coisa depois do ensaio. A mãe e a irmã de Ben também estavam em Los Angeles e eu fiquei com vontade de conhecê-las. O que me deixou feliz foi saber que ele tinha sido chamado pela UCLA e que vinha morar aqui. Mas o inesperado foi o que Josh falou:
- Eu vou me mudar pra Boston. Vou estudar no MIT. - Boston? Eu estava começando a ficar com problemas com aquela cidade.
Josh pediu para que Ben ficasse nos vocais, que eu não achei uma má idéia, mas a pergunta que ficou foi "Quem seria o novo baixista?" Dan ficou muito revoltado com a decisão de Josh, principalmente por que ele não disse nada a ninguém e eles se conhecem há tanto tempo, e foi embora.
Josh ficou meio pra baixo depois disso e eu e Ben voltamos caminhando pra casa. Eu resolvi perguntar sobre a música.
- A música que você fez... Foi pra Beatrice, não foi? - ele respondeu que sim - Você gosta mesmo dela, como eu pensei.
- Mas não ia dar certo. - ele disse
- Quem te garante isso? Você por acaso tentou? - talvez eu não fosse a melhor pessoa pra ele falar sobre isso, mas eu queria saber um pouco mais sobre como isso funcionava.
- É uma história longa Ellie, tem um monte de contratempos.
- Eu sou sua amiga, acho que você pode me contar isso. - Era o que eu podia dizer.
- Eu conheci Beatrice no sétimo ano. E eu comecei a gostar dela. Eu tenho mesmo que falar sobre isso?
- Eu não estou te obrigando a nada. - na verdade eu estava querendo saber
- Beatrice nunca se importou muito comigo, não que parecesse. E eu nunca tive coragem de falar com ela direito. Então ela começou a namorar um cara, que sempre me odiou, e que eu odeio.
E ele foi me contando o resto da história. Eu fiquei pasma em como ele parecia diferente do que contava. Na verdade, eu achava ele pouco tímido quando conversávamos. Só não conseguia entender, se ele gostava dela, por que veio embora?
- Você praticamente fugiu dela Ben, como queria que desse certo? - perguntei
- Ellie, ela disse que gostava de Phil, por que eu ainda ia insistir?
Nessa tarde eu achei que éramos mesmo amigos. Ben tinha confiança de me contar o que sentia, mas eu ainda não tinha muita coragem de falar a ele sobre minha vida. Se bem que eu não tinha nada a esconder, o ele tinha pra saber sobre mim, ele sabia.
Passamos a tarde jogando Guitar Hero. Eu não era a melhor pessoa pra jogar contra ele, meu forte era outro, mas eu tentei. O tempo passou tão rápido. Umas nove horas fui levá-lo no carro.
- Você vem amanhã? - perguntei. Eu não devia ficar falando essas coisas
- Se você quiser... - Ele respondeu. Era claro que eu queria que ele viesse.
- Preciso mesmo dizer que eu quero?
- Sempre vou ficar do seu lado quando você quiser que eu esteja. - Achei isso tão lindo.
- Ah, tá, legal - Comecei a ficar vermelha. - Se eu fosse você, não me diria esse tipo de coisa. - Por que eu sabia que eu ia ficar corada. E eu odiava ficar corada.
- Por que? Só por que você fica vermelha? - Ele sorriu. - Acho que fica bem.
- Eu não acho. Vai, entra logo nesse carro, antes que você não possa mais vir aqui. Volte amanhã, podemos surfar em Santa Mônica de novo, o que acha? - Naquele momento, eu queria esconder minha cara. Por que eu tinha que ficar vermelha? Maldito sangue que subia no rosto nas horas inadequadas. E por que os meninos sempre diziam que ficava bonitinho? Eu não achava nada legal.
- Vou pensar. - Pensar?
Ele me abaraçou e entrou no carro. Eu estava gostando cada vez mais desses abraços, mesmo sem querer admitir isso.
No dia seguinte Ben veio à minha casa e nos juntamos com o resto do pessoal pra escolher um nome pra a banda e espalhar cartazes de "PRECISA-SE DE UM BAIXISTA". Acabamos saindo pra fazer isso antes de escolher o nome da banda. Não sei por que, no fim da tarde, um nome veio na minha cabeça.
- Blue Blanket. - eu disse
- Huh? - Um dos garotos perguntou, não vi quem
- O nome pra a banda. Blue Blanket - eu falei - Como o mar. - O mar era tão lindo e azul e cobria a terra.
Os meninos gostaram. Não sei se pensei nesse nome por que estava pensando em Santa Mônica, onde eu queria ter passado a tarde surfando, em como eu queria ser coberta pelo mar...
À noite saí pra dar uma volta com Ben por West Hollywood, mostrei pra ele uns lugares legais. No outro dia surfamos um pouco em Santa Mônica e passeamos no píer. Na volta pegamos um engarrafamento terrível, comum da cidade, e Ben me deixou em casa. Paramos um pouco pra conversar antes que ele fosse embora.
- Depois de amanhã eu tenho que voltar pra La Palma, pelo menos pra levar minha mãe em casa. Mas eu estou me divertindo muito com você aqui. - Ele disse
- Você ainda precisa vir aqui amanhã, afinal vamos fazer as audições para os baixistas enquanto você e Josh estão na cidade. - Pelo menos eu esperava que ele viesse.
- Eu preciso vir aqui mesmo que não tenha nenhuma audição. - Eu comecei a ficar vermelha - Gosto quando fica vermelha. Você fica linda.
- Você devia parar de fazer isso... - Eu não conseguia nem olhar pra ele. Ele levantou meu rosto.
- Por que você fica com vergonha quando eu falo o que eu acho? - Não era bem uma questão de vergonha. Era difícl pra mim ouvir elogios e aceitar fácil, sem ficar um pouco vermelha. Imaginei que eu estava cor de tomate, por que era ele que estava falando.
- Por que nem sempre o que você acha é tão confortável de ouvir, entende?
- Eu costumo ser meio tímido quando não estou com você. - Eu parei pra ouvir - Eu gostei mesmo do dia que passamos na praia.
- É, hoje foi bem divertido.
- Sim, hoje foi divertido, mas o dia que você me ensinou a surfar foi mais interessante. - Ele estava falando do dia que nos beijamos. Aí sim eu fiquei com vergonha.
- Ben... - Escondi o rosto. Deveria estar mais vermelha que um tomate
- O que foi? - Ele sorriu - Tenho que ir, antes que minha mãe comece a me ligar.
- Está bem. Até amanhã? - Eu perguntei
- Sim, até amanhã. - Esperei que ele entrasse no carro
Mas ele não foi e me deu um abraço forte. Ele cheirava mesmo bem, de um jeito que eu não conseguia explicar. Eu estava gostando do abraço e ele parecia que não queria me soltar. Ficamos nos encarando por um tempo.
- Eu sei que eu já disse isso mas, seus olhos são muito lindos. - Eu disse. Aliás, eu ficava dizendo isso o tempo todo. Aí, ele ficou vermelho, e muito fofo por sinal
- É interessante alguém ver algo de bom em mim.
- Você é muito estranho às vezes, sabia Ben? Não gosta de elogios? - Ele sorriu, mas não deixou de me abraçar.
- Tenho mesmo que ir agora, mas não consigo te soltar. Alguém já te disse que você tem um cheiro muito bom?
- Engraçado, vivem me dizendo isso - Eu ri e ele também. Ele respirou no meu cabelo.
- Posso me iludir e achar que estamos tendo alguma coisa? - ele perguntou
- Que tipo de coisa? - Eu sorri - Não estou vendo nada aqui... - Esperava que meu coração não estivesse acelerando.
- Posso me iludir e achar que estamos namorando? - Ele perguntou.
- Não sei... - respondi. Eu não ia dizer que sim.
- Eu sei que você disse que não precisava ser uma coisa séria mas, e se eu quiser que seja? - Ele queria que fosse uma coisa séria?
- É uma decisão sua. - eu disse
- Então pra mim estamos namorando.
- E você me pediu? - Comecei a rir - Estou brincando.
- Que susto. Tenho mesmo que ir agora, então, até amanhã. - Ele me soltou
Ben me beijou e foi embora. Eu estava ficando com medo daquilo. Nós tinhamos conversado, eu sabia que ele ainda gostava da garota da cidade dele. Mas ele parecia que gostava de mim também. Então, pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido, eu não sabia como agir.
Teve todo aquele negócio de formatura e eu fui com Josh por que ele estava sem companhia, como eu. A festa foi boa, mas eu ficaria muito mais feliz se Ben me acompanhasse.
O pior era que eu não sabia direito se eu estava apaixonada por ele. Ele era um garoto legal, que eu gostava de estar perto, que tinha boas conversas, gostava de boa música e seria um excelente namorado, com certeza. Eu gostava de sorrir quando conversávamos, eu pensava nele todo tempo. Mas eu pensava se não estava sendo rápida demais. Talvez eu não quisesse admitir que estava gostando dele. Não tive coragem de ligar sequer um dia, com medo de ouvi-lo dizer que ia demorar mais pra chegar do que eu estava esperando.
Uma manhã dessas eu estava lavando o carro quando do nada um carro estacionou. Eu nunca tinha visto aquele carro na minha vida, era de um azul brilhante, muito lindo por sinal. Mas eu não me importei muito e continuei lavando o meu carro. Só que alguém familiar estava encostado no carro, de óculos escuros: Ben. Meu coração acelerou tanto que eu já estava sem conseguir pensar direito.
- Ben? - Larguei tudo o que tinha na mão e fui caminhando ao encontro dele. Ele estava usando o óculos que eu dei. Ele tirou os óculos, deu um sorriso e eu fiquei "ai meu Deus... Como ele está lindo...". Ele parecia mais bonito do que eu lembrava.
- Oi Ellie. - Ele disse sorrindo. Eu ainda não conseguia acreditar que ele tinha chegado.
- O quê? O que você está fazendo aqui? Por que não me ligou? Por que não avisou que vinha? - Ele continuava sorrindo, sem dizer nada - O que você está rindo? Meu Deus, eu lavando o carro, nem fiz nada pra você. - Por que eu estava me preocupando com aquilo? - Se bem que você é de casa, não precisa mais disso.
- Eu não sou mais visita? - ele perguntou.
- Já esqueceu que você morou aqui uma semana, cozinheiro? - Aí eu percebi por que ele estava rindo. Nossas camisas eram iguais. - Entendi agora. - apontei pra as duas camisas - Vai ficar aí fora? Entra em casa!
- E você não vai nem me cumprimentar direito? - Eu dei um abraço apertado nele e, nossa, como ele cheirava bem. Puxei-o pelo jardim.
- Carrão, hein? - Me toquei que aquele carro azul bonito era dele - Se eu fosse você, me ajudava a lavar o meu grande carro agora. - Peguei a mangueira a jato e joguei água nele. Não sei por que fiz aquilo, mas deu vontade.
Ele pegou um balde cheio de água e jogou em mim.
- Ben! - desliguei a mangueira e continuei falando - Eu luto karatê, sabia? Posso me defender fácil...
- Sério? - ele perguntou - Tô morrendo de medo. - Tão sarcástico...
Liguei de novo a mangueira e joguei mais água nele. Então, me joguei nas costas dele, nós caímos no chão e eu fiquei fingindo que estava paralisando ele. Estava muito feliz que ele tinha voltado.
- Que bom que está de volta. Senti saudades. - Ops, palavra errada.
- Pra mim também é muito bom voltar. - Ele falou.
- Ok, precisamos sair daqui, isso está ficando estranho - eu disse, por que realmente estavamos estranhos, jogados na grama, totalmente molhados - Vou trocar de roupa.
- Ellie, eu vou ter que voltar pra o hotel. Você acabou com toda possibilidade de que eu ficasse aqui durante a tarde.
- Por que? - Perguntei. Eu sabia que tinha sido terrível, mas aquilo estava engraçado. Mordi os lábios para segurar o riso.
- Olha pra mim. A única coisa seca que eu tenho é... Acho que nada. - Aí eu ri mesmo
- Tudo bem, ponho sua roupa na secadora. - Era uma solução prática e viável pra que ele passase a tarde comigo.
- E enquanto isso eu fico vestido com? - É, realmente, não tinha pensado nisso.
- Se enrola numa tolha, não tem nada demais. Só não te ofereço uma das minhas roupas por que eu acho que você ficaria muito bonito de saia e seria uma concorrência muito grande pra mim - Ri mais ainda da besteira que falei. Eu ficava falando um monte de idiotice quando Ben estava perto.
- Ha, ha, muito engraçado - ele disse.
- Sério, o único garoto que ainda está por aqui pesa 110 kg, as roupas dele definitivamente não caberiam em você - E ele ficaria ridículo com as roupas do Gerald...
Entreguei uma toalha a Ben e deixei-o na sala. Sugeri que ele fosse trocar de roupa no quarto de cima, enquanto eu trocava minha roupa e voltava pra pegar a dele. Ele ficou lá no quarto, vendo um programa, acho que Extreme Makeover, enquanto eu colocava as roupas pra secar.
Depois disso, fomos à casa de Dan, ensaiamos um pouco e Ben mostrou uma música que ele escreveu. Dava pra ver que foi pra a garota que ele gostava, a tal Beatrice, por que dizia coisas como "Agora estou indo pra Los Angeles" e "Eu não quero seus beijos de despedida". Aquilo ficou na minha cabeça. Ele estava aqui, comigo, mas eu não me sentia tão segura. Ele amava aquela garota e estava magoado, a música deixou claro. Mas era uma música linda, eu tinha que admitir.
Nós fomos comer alguma coisa depois do ensaio. A mãe e a irmã de Ben também estavam em Los Angeles e eu fiquei com vontade de conhecê-las. O que me deixou feliz foi saber que ele tinha sido chamado pela UCLA e que vinha morar aqui. Mas o inesperado foi o que Josh falou:
- Eu vou me mudar pra Boston. Vou estudar no MIT. - Boston? Eu estava começando a ficar com problemas com aquela cidade.
Josh pediu para que Ben ficasse nos vocais, que eu não achei uma má idéia, mas a pergunta que ficou foi "Quem seria o novo baixista?" Dan ficou muito revoltado com a decisão de Josh, principalmente por que ele não disse nada a ninguém e eles se conhecem há tanto tempo, e foi embora.
Josh ficou meio pra baixo depois disso e eu e Ben voltamos caminhando pra casa. Eu resolvi perguntar sobre a música.
- A música que você fez... Foi pra Beatrice, não foi? - ele respondeu que sim - Você gosta mesmo dela, como eu pensei.
- Mas não ia dar certo. - ele disse
- Quem te garante isso? Você por acaso tentou? - talvez eu não fosse a melhor pessoa pra ele falar sobre isso, mas eu queria saber um pouco mais sobre como isso funcionava.
- É uma história longa Ellie, tem um monte de contratempos.
- Eu sou sua amiga, acho que você pode me contar isso. - Era o que eu podia dizer.
- Eu conheci Beatrice no sétimo ano. E eu comecei a gostar dela. Eu tenho mesmo que falar sobre isso?
- Eu não estou te obrigando a nada. - na verdade eu estava querendo saber
- Beatrice nunca se importou muito comigo, não que parecesse. E eu nunca tive coragem de falar com ela direito. Então ela começou a namorar um cara, que sempre me odiou, e que eu odeio.
E ele foi me contando o resto da história. Eu fiquei pasma em como ele parecia diferente do que contava. Na verdade, eu achava ele pouco tímido quando conversávamos. Só não conseguia entender, se ele gostava dela, por que veio embora?
- Você praticamente fugiu dela Ben, como queria que desse certo? - perguntei
- Ellie, ela disse que gostava de Phil, por que eu ainda ia insistir?
Nessa tarde eu achei que éramos mesmo amigos. Ben tinha confiança de me contar o que sentia, mas eu ainda não tinha muita coragem de falar a ele sobre minha vida. Se bem que eu não tinha nada a esconder, o ele tinha pra saber sobre mim, ele sabia.
Passamos a tarde jogando Guitar Hero. Eu não era a melhor pessoa pra jogar contra ele, meu forte era outro, mas eu tentei. O tempo passou tão rápido. Umas nove horas fui levá-lo no carro.
- Você vem amanhã? - perguntei. Eu não devia ficar falando essas coisas
- Se você quiser... - Ele respondeu. Era claro que eu queria que ele viesse.
- Preciso mesmo dizer que eu quero?
- Sempre vou ficar do seu lado quando você quiser que eu esteja. - Achei isso tão lindo.
- Ah, tá, legal - Comecei a ficar vermelha. - Se eu fosse você, não me diria esse tipo de coisa. - Por que eu sabia que eu ia ficar corada. E eu odiava ficar corada.
- Por que? Só por que você fica vermelha? - Ele sorriu. - Acho que fica bem.
- Eu não acho. Vai, entra logo nesse carro, antes que você não possa mais vir aqui. Volte amanhã, podemos surfar em Santa Mônica de novo, o que acha? - Naquele momento, eu queria esconder minha cara. Por que eu tinha que ficar vermelha? Maldito sangue que subia no rosto nas horas inadequadas. E por que os meninos sempre diziam que ficava bonitinho? Eu não achava nada legal.
- Vou pensar. - Pensar?
Ele me abaraçou e entrou no carro. Eu estava gostando cada vez mais desses abraços, mesmo sem querer admitir isso.
No dia seguinte Ben veio à minha casa e nos juntamos com o resto do pessoal pra escolher um nome pra a banda e espalhar cartazes de "PRECISA-SE DE UM BAIXISTA". Acabamos saindo pra fazer isso antes de escolher o nome da banda. Não sei por que, no fim da tarde, um nome veio na minha cabeça.
- Blue Blanket. - eu disse
- Huh? - Um dos garotos perguntou, não vi quem
- O nome pra a banda. Blue Blanket - eu falei - Como o mar. - O mar era tão lindo e azul e cobria a terra.
Os meninos gostaram. Não sei se pensei nesse nome por que estava pensando em Santa Mônica, onde eu queria ter passado a tarde surfando, em como eu queria ser coberta pelo mar...
À noite saí pra dar uma volta com Ben por West Hollywood, mostrei pra ele uns lugares legais. No outro dia surfamos um pouco em Santa Mônica e passeamos no píer. Na volta pegamos um engarrafamento terrível, comum da cidade, e Ben me deixou em casa. Paramos um pouco pra conversar antes que ele fosse embora.
- Depois de amanhã eu tenho que voltar pra La Palma, pelo menos pra levar minha mãe em casa. Mas eu estou me divertindo muito com você aqui. - Ele disse
- Você ainda precisa vir aqui amanhã, afinal vamos fazer as audições para os baixistas enquanto você e Josh estão na cidade. - Pelo menos eu esperava que ele viesse.
- Eu preciso vir aqui mesmo que não tenha nenhuma audição. - Eu comecei a ficar vermelha - Gosto quando fica vermelha. Você fica linda.
- Você devia parar de fazer isso... - Eu não conseguia nem olhar pra ele. Ele levantou meu rosto.
- Por que você fica com vergonha quando eu falo o que eu acho? - Não era bem uma questão de vergonha. Era difícl pra mim ouvir elogios e aceitar fácil, sem ficar um pouco vermelha. Imaginei que eu estava cor de tomate, por que era ele que estava falando.
- Por que nem sempre o que você acha é tão confortável de ouvir, entende?
- Eu costumo ser meio tímido quando não estou com você. - Eu parei pra ouvir - Eu gostei mesmo do dia que passamos na praia.
- É, hoje foi bem divertido.
- Sim, hoje foi divertido, mas o dia que você me ensinou a surfar foi mais interessante. - Ele estava falando do dia que nos beijamos. Aí sim eu fiquei com vergonha.
- Ben... - Escondi o rosto. Deveria estar mais vermelha que um tomate
- O que foi? - Ele sorriu - Tenho que ir, antes que minha mãe comece a me ligar.
- Está bem. Até amanhã? - Eu perguntei
- Sim, até amanhã. - Esperei que ele entrasse no carro
Mas ele não foi e me deu um abraço forte. Ele cheirava mesmo bem, de um jeito que eu não conseguia explicar. Eu estava gostando do abraço e ele parecia que não queria me soltar. Ficamos nos encarando por um tempo.
- Eu sei que eu já disse isso mas, seus olhos são muito lindos. - Eu disse. Aliás, eu ficava dizendo isso o tempo todo. Aí, ele ficou vermelho, e muito fofo por sinal
- É interessante alguém ver algo de bom em mim.
- Você é muito estranho às vezes, sabia Ben? Não gosta de elogios? - Ele sorriu, mas não deixou de me abraçar.
- Tenho mesmo que ir agora, mas não consigo te soltar. Alguém já te disse que você tem um cheiro muito bom?
- Engraçado, vivem me dizendo isso - Eu ri e ele também. Ele respirou no meu cabelo.
- Posso me iludir e achar que estamos tendo alguma coisa? - ele perguntou
- Que tipo de coisa? - Eu sorri - Não estou vendo nada aqui... - Esperava que meu coração não estivesse acelerando.
- Posso me iludir e achar que estamos namorando? - Ele perguntou.
- Não sei... - respondi. Eu não ia dizer que sim.
- Eu sei que você disse que não precisava ser uma coisa séria mas, e se eu quiser que seja? - Ele queria que fosse uma coisa séria?
- É uma decisão sua. - eu disse
- Então pra mim estamos namorando.
- E você me pediu? - Comecei a rir - Estou brincando.
- Que susto. Tenho mesmo que ir agora, então, até amanhã. - Ele me soltou
Ben me beijou e foi embora. Eu estava ficando com medo daquilo. Nós tinhamos conversado, eu sabia que ele ainda gostava da garota da cidade dele. Mas ele parecia que gostava de mim também. Então, pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido, eu não sabia como agir.
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