O LIVRO de Bárbara #06

Quinta-feira, 30 de julho de 2009

Acho que hoje aconteceu mesmo alguma coisa que eu devo escrever aqui. Bem, eu acordei de manhã, tomei meu café e fui estudar um pouco no gabinete. Daí, bem quando eu estava bastante concentrada, meu pai aparece do nada e diz que tem uma surpresa pra mim. Achei estranho, afinal eu tenho ficado tanto tempo só que nem lembrava mais que ele existia. Não, mentira, eu fiquei muito feliz porque ele se lembrou de mim. Ele colocou uma venda nos meus olhos, e saiu da sala enquanto eu estava lá parada. “Pode tirar a venda” ele disse. Em cima da mesa tinha um netbook novinho em folha, lilás com estampa floral preta e meu nome escrito. Eu fiquei muito surpresa.

Foi um presente excelente, eu sei, mas eu me perguntei onde foi que ele achou aquilo. Quando seu pai é administrador de uma empresa não tão grande de construção civil você acha estranho receber presentes caros. Quando ele reclama de todas as contas e diz que o dinheiro dele é voltado pra sua educação você estranha mais ainda. E quando você tem séculos pedindo um computador comum, só pra não precisar dividir um com ele e ele diz “Esse está bom pra nós dois”, receber um presente desses é surreal. Mas eu fiquei feliz, isso é bom.


Sábado, 1º de agosto de 2009

Hoje Lilian veio aqui pra casa. Isso é chato de dizer, mas ela vai dormir aqui. Vou começar a história direito. Meu pai foi me buscar na escola no fim da tarde, como é de costume. Então, o meu lugar de sempre na frente do carro estava ocupado pela moça ruiva que é namorada do meu pai. Antes de entrar no carro, eu dei uma respirada funda e me perguntei quando é que eu ia me acostumar com essa ideia. NUNCA, foi a minha conclusão. Falei com ela, me recolhi a minha insignificância no fundo do carro, coloquei os fones nos ouvidos e ignorei os dois.

Eu estava pensando que era só uma carona. Nós passamos direto pela rua que ela mora. Quando eu cheguei em casa, ela disse “Não quero abusar você. É que hoje meu filho foi passar o fim de semana com o pai, eu fiquei sozinha, Paulo me convidou pra vir dormir aqui, eu aceitei. Vou tentar não te incomodar.” Eu só dei um ok de resposta, mas minha vontade foi dizer “Seu filho vai passar o fim de semana com o pai e você vem passar o fim de semana com o meu pai. Bonito isso. Muito bom. Você não tem pai?” Ela tentou ser agradável, preparou o café, fez um bolo, torradas, suco, uma mesa que dava pra uma família tipo a de Rony Weasley, só pra nós três. Eu comi em silêncio, depois assisti televisão, e ela falando feito uma matraca.

O pior de tudo foi ver ela descer pra assistir TV com um baby doll tosco, com desenhos de coração e um short minúsculo, ficar lá quinze minutos, dar um bocejada falsa e dizer “Paulo, já estou indo dormir. Boa noite Bárbara. Sonhe com os anjos.” E meu pai, descaradamente, se levantar seguir a ruiva de micro short. Ele malmente me disse boa noite. ÓDIO. Eu fiquei uns bons minutos relutando em ir pro meu quarto, apesar de já estar com sono. Já estou esperando o dia que eles vão anunciar que ela vai morar aqui. Só vou ter duas opções, ou eu me mato ou vou morar com a minha avó.


Domingo, 2 de agosto de 2009

Depois do maravilhoso dia com minha nova família (sim, meu pai e a ruiva e sim, eu estou sendo sarcástica), ainda tive que aturar um categórico fim de noite com os dois bêbados na sala de casa. Eu me odeio. Não, eu odeio minha vidinha monótona. Incrível como meu pai perdeu totalmente o respeito pela memória da minha mãe. Poderia ter encontrado uma namorada menos vulgar. Ela tem 35 anos, precisa mesmo ficar de shortinho tempo todo?

Ah, ele agora inventou que em setembro nós vamos passar o feriadão fora. Eu já estou com medo de onde devemos ir.


Terça-feira, 4 de agosto de 2009

Todo mundo prefere o final de semana. Eu fico feliz na terça-feira. Terça feira é um dia que você não está tão perto do novo fim de semana e não tem aquele problema de ressaca da segunda. Não que eu beba, mas eu precisei ver isso.

Ah! Como pessoa legal que é, Felipe me chamou pra ver “A era do gelo 3” com ele. Eu estou pensando em ir. Ele disse que vai com outros amigos, queria que eu fosse pra conhecer o pessoal. Tudo bem, acho que não vou perder nada com isso.


Sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Então, hoje que nós marcamos de ir direto da escola pro cinema. Eu gostei da ideia. Levei até uma roupinha legal e maquiagem. Eu tenho maquiagem guardada em casa, ganhei de uma das minhas tias. Não me lembrava da última vez que tinha usado, mas o vencimento é pra o fim do ano. Eu nem sei me maquiar, mas Felipe notou que tinha alguma coisa escura no meu olho e eu não tinha tomado um murro. “Está usando maquiagem? Ficou bonita.” Eu fiquei bem feliz...

Felipe encontrou uns amigos do outro colégio, Bruno, Eric, Daniel e Gabriel. Estávamos na fila pra comprar os ingressos e aí surgiu uma figura loira, de cabelo meio cacheado longo e os olhos tendendo pra verde água, alta como só ela, uma verdadeira modelo. Era a “amiga” dele, Tati. Não, eu devo parar de usar aspas pra falar sobre a relação deles. Hoje deu pra notar que eles não são mesmo namorados, mas que Tati gosta do amigo dele, Daniel. E, pelo que parece, Felipe dá a maior força pra os dois. Isso me deixou mais à vontade.

E o filme foi bem divertido, porque os meninos fizeram muita graça com tudo. Teve um deles, muito fofinho, Bruno, foi bastante atencioso comigo. E ele é bonitinho. Enfim, foi um bom passeio, queria que acontecesse mais vezes.


Bárbara não tinha demorado muito pra entender que eu e Tati não tínhamos absolutamente nada. Isso era bom nela, ela era inteligente e rápida. E, como ela mesma percebeu, tinha mesmo alguma coisa entre Tati e Daniel. Eles são namorados agora. Mas o meu problema ao ler isso foi o que ela escreveu sobre um dos meus amigos: “teve um deles, muito fofinho, Bruno, foi bastante atencioso comigo. E ele é bonitinho”.

Eu tinha armado esse passeio pra que meus amigos mais próximos conhecessem a menina que eu estava gostando. Mas eu não disse nada a eles, eu só queria que eles soubessem como ela era legal. Aí, Bruno, o mais atirado, começou a querer se jogar pra Bárbara! Ó, muito bom. O pior é que ela gostou. Enquanto ela saiu bem feliz, como ela mesma disse, eu fiquei muito revoltado com a cara daquele fura-olho. Mas, tudo bem, passou, eu não vou ficar remoendo coisas velhas.


Quarta- feira, 12 de agosto de 2009

Meu pai anda fazendo umas extravagâncias esses tempos. Isso é bastante fora do comum, ele sempre foi equilibrado com questões financeiras. Hoje ele me buscou na escola e disse que íamos jantar fora. Me entregou um pacote, que tinha um vestido bem bonitinho dentro. Passou na casa de Lilian, me fez subir pra trocar de roupa e nos levou ao restaurante mais caro que eu já visitei.

Até Lilian pareceu surpresa. Quando perguntamos qual era o motivo de tanta felicidade, ele disse que tinha sido promovido. Achei isso estranho, não sabia que existiam escalas de administradores nas empresas, mas tudo bem, ele estava feliz... Só acho que pagar uma conta de mais de 300 reais num jantar bobo é ir um pouco longe demais.


Sábado, 15 de agosto de 2009

Meu pai parou hoje pra conversar um pouco comigo sobre a vida. Disse que quer me colocar num curso de inglês, que acha que é uma coisa importante pro futuro. O problema é que ele nunca se importou com isso. Além disso, acha que precisamos de uma empregada em casa. Eu estou achando tudo isso muito estranho. Nós nunca tivemos uma empregada, até ontem quem fazia tudo era a gente mesmo. Aí ele chega com esse papinho de empregada, curso de inglês. Veio até falar em mudar de casa por que essa traz muitas lembranças da minha mãe. Eu gosto das lembranças da minha mãe. E nem quero pensar em sair daqui.


Domingo, 16 de agosto de 2009

Quando você tem pouco ou nada pra fazer, você começa a inventar coisas. Ontem eu resolvi fazer um backup dos meus arquivos no computador do meu pai pra passar pra o novo computador. Até aí tudo bem. Olhando os documentos, achei uma coisa que foi gravada acidentalmente na minha pasta, uma documento, do trabalho do meu pai.

Eu sempre mexi nos documentos da empresa do meu pai, ele deixava que eu fizesse isso pra que ele aprendesse a usar o computador. Depois de um tempo, ele fez o próprio perfil, não precisava mais de mim pra trabalhar, eu larguei de mão. Como achei que não seria nada demais, abri. Era tipo uma nota de banco, sei lá o que, de um depósito feito pra ele, de 15 mil. Eu não sabia o que fazer. Estou pensando em investigar isso. Se meu pai ainda usar a mesma senha do e-mail, posso descobrir direito o que isso significa.



Pelo que eu estava descobrindo, Bárbara era curiosa como eu. Quanto mais eu lia, mais perguntas surgiam em minha cabeça. O que será que significava essa nota? De onde o pai dela tinha recebido esse dinheiro? Será que isso tinha alguma ligação com o sequestro? Retomei a leitura, pra tentar achar as respostas às perguntas que brotavam cada vez mais intrigantes.

Comentários

  1. minha vontade foi dizer “Seu filho vai passar o fim de semana com o pai e você vem passar o fim de semana com o meu pai. Bonito isso. Muito bom. Você não tem pai?”

    nuss muito legal mesmo

    enfim, se pra Bárbara sexta foi um dia triste (no capítulo passado) pra mim tb as seztas serão horríveis, pois significa que só terei mais de O livro de Bárbara depois de longuíssimos 2 dias interinhos e mais uns pedaços de dia

    de qq forma, tks Rach
    I lovu (LLLL"

    ResponderExcluir
  2. Que lindooo!!!

    I lovu tu Rebeca!!

    E, relaxe, calmz, amanhã de manhã vai ter outro caps fresquinho...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Escrevendo na Copa do Mundo - Edição Extraordinária!!!

Crônicas do solteiro moderno - #01 O cara que escrevia errado

Mendigo Virtual PGM #05