Escrevendo na Copa do Mundo

Oi gente! Estréia hoje, com exclusividade, o Escrevendo na Copa do Mundo. Ontem de manhã, dia do primeiro jogo do Brasil na copa, ainda no ônibus, observei a mobilização das pessoas por causa da copa e resolvi criar uma nova coluna. A pretensão é comentar os jogos um dia depois (e situações engraçadas relacionadas a isso, claro). Como todo blog que se preza, o Escrevendo também tem que falar bem ou mal da copa.

Em plena terça-feira, 15 de junho, jogo do Brasil contra a Coréia do Norte, foi só acordar e sair de casa pra observar como todo mundo vira mais brasileiro na época da copa.

Mas vamos comentar primeiro o que antecedeu esse jogo. Festa de abertura, Shakira dançando e cantando Waka Waka, vuvuzelas se tornam comuns (inclusive Trending Topics) e as lojas de eletrodomésticos vendem Tv’s de LED em 17 vezes sem juros. Daí eu penso que, no fim da copa, várias meninas se chamarão Jabulani (o nome da bola), e meninos serão Carlos (pra apelidar de Kaká), Luis Fabiano, Robson, Nilmar... PRINCIPALMENTE SE O BRASIL GANHAR. Imaginem: 2026, professor do primeiro ano faz a chamada no primeiro dia de aula.

- Isabela Amaral, Jabulani... Jabulani Silva? – O professor pergunta.

- Aqui... – Menina tímida responde no canto da sala.

- Jabulani? É assim mesmo?

- É professor. É que eu nasci em 2010, ano da copa do mundo na África do Sul.

- Mas, Jabulani não era o nome da bola?

- Meus pais ainda não sabiam que nome colocar, aí me viram gordinha e colocaram esse nome.

OK, piadinha sem graça. Mas, não duvidem, se vocês forem professores ainda verão esse nome entre seus alunos.

Então, na terça eu peguei um ônibus, sete da manhã. Mil pessoas vestiam verde e amarelo, as cores da bandeira imperavam diante dos meus olhos. Na verdade, o que me chocou foi uma figura com uma bermuda jeans, uma blusa colada e curta escrita “100% brasileira”, dois tique-taques verde e amarelos no cabelo e um brinco plástico enooorme e amarelo com...

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O COELHINHO DA PLAYBOY! Não, não era a bandeira do Brasil, sinto desapontá-los.

Daí eu comecei a observar que todos os acessórios, camisas, tudo, tudo era verde e amarelo. Até a rua era verde e amarela. Aí eu pensei: “Será que eu sou a única pessoa sóbria que está de camisa quadriculada cinza, calça jeans e sandália roxa?”

A manhã no trabalho foi totalmente atípica. Parecia que todo mundo estava esperando dar meio dia pra sair de lá correndo, se reunir com a família, comer comida pesada, assistir o jogo, beber e dormir de ressaca. Acho que a ideia era exatamente essa Depois de 12:20, a rua tinha cara de feriado. Ninguém ia fazer nada à tarde, já na expectativa da estréia do Brasil na copa. O ônibus estava cheio como o de seis da tarde, todo mundo agoniado pra voltar pra casa. O interessante é que os fiéis torcedores do Brasil bebem pra sair do trabalho e trabalham pra sair da bebida no dia seguinte.

Eu observei a imensa quantidade de pseudo camisas oficiais da seleção, com aquelas bolinhas no número nas costas e quantos Kakás e Luís Fabianos tinham no ônibus. Ninguém quer camisa de zagueiro, nem de meio de campo, nem de goleiro. Todo mundo quer ser atacante. Ninguém quer ser o Lúcio. Ninguém quer ser o Juan. Ninguém quer ser o Júlio César. Aliás, meu irmão disse que É o Lúcio. Além disso, eu não vi nenhuma camisa do Robinho... Porque será? Eu, particularmente, o considero um excelente jogador e ele também fica lá no ataque, se fosse comprar camisa, compraria dele...

Desci na minha rua e todo mundo já estava se preparando pra o jogo. A Globo estava se preparando, a Band estava se preparando, minha vizinha estava se preparando. Eu, como revoltada que sou, decidi assistir o filme dos Rugrats no SBT. Mas nem pude permanecer. Minha tia subiu, dizendo que o jogo tinha começado. Como eu queria muito ver a primeira pedalada (prometida) do Robson, desci pra ver o jogo.

Nós fizemos a escalação da seleção da Coréia do Norte:

Técnico: Senhor Miaggi

Atacante principal: Mao Tse Tung (Sim, aquele mesmo que se feriu quando o Maicon se bateu com ele, o que tinha a cara do Dalai Lama - o nome verdadeiro dele é Jong Tae-Se).

Centro-avantes, volantes, laterais, zagueiros... (ou seja, o resto do time):
Jack Chan, Jet Li, Buda, Ku Klux Kan, Cha Kenti-Doy (Cha Jong-Hyok), Ri Kuando-Chov (Ri Kwang-Chon), Hong Kong (Hong Yong-Jo), Paka Na-Chaleira (Pak Nam-Chol), Muh In Guh (Mun In-Guk).

E o goleiro: Ri Myong-Guk, que significa "Muralha da China Bombardeada".

Há um nepotismo descarado na seleção da Coréia do Norte. De 23 jogadores, 4 são Hyok (Cha Jong-Hyok, Pak Sung-Hyok, An Chol-Hyok, Ri Kwang-Hyok), 4 são Myong (Ri Myong-Guk, Kim Myong-Won, Ri Chol-Myong, Kim Myong-Gil), 7 são Chol (Pak Nam-Chol, Ri Chol-Myong, Pak Chol-Jin, Nam Song-Chol, Choe Kum-Chol, An Chol-Hyok, Pak Nam-Chol), 3 são Il (Ri Jun-Il, Kim Kum-Il, Kim Kyong-Il) e dois são Guk (Ri Myong-Guk, Mun In-Guk). Sem contar os que pertencem a duas famílias, como Chol-Myong e Chol-Hyok. Não é de admirar que todos tenham a mesma cara. O único que não tem o mesmo sobrenome que todos é o craque da equipe, Jong Tae-Se. Sem contar a quantidade de charás: são cinco Ri's, cinco Kim's, incluindo o técnico, e quatro Pak's.



Nós conhecemos bem a seleção brasileira, nem precisa comentar. E que mascotinho gay é esse? Alguém pode me dizer se é um leão que purpurinou ou se ele é fã da Rihanna?



Eu disse que o placar seria 3x1 pra o Brasil (Na verdade falei 6x10, mas depois corrigi). Rolou 1x0 (meu irmão), 2x0 (o marido da minha tia), 2x1 (minha tia). O primeiro tempo foi aquela porcaria que todo mundo assistiu. No segundo, gol de Maicon (que é a cara do falecido Claudinho, de Claudinho & Bochecha). A gente estarrou Elano até que ele fez o segundo gol e saiu. Kaká foi substituido (achei boa troca dele por Nilmar), Luís Fabiano ficou nervoso, Robinho não fez gol. E o meu 3x1 não aconteceu, mas teve o gol da Coréia que eu disse que teria.

2x1 para o Brasil. Poderia ter jogado melhor. Pena que os próximos jogos são domingo e sexta de São João, eu gostei do clima de feriado. Alguém manda o filho da minha vizinha parar de tocar a sua vuvuzela? O jogo já acabou...

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