Texto 1

Nunca consegui entender o que realmente passava na minha mente quando fiz o que achei que devia fazer. Meditando sobre isso esses dias, cheguei a algumas conclusões.

Libertar, essa era a palavra de ordem. Libertar-me, te libertar, nos alforriar. Eu simplesmente não conseguia aceitar que achegar é diferente de aconchegar, mas que uma coisa leva a outra. Múltiplas escolhas me fizeram embaralhar os caminhos pra perceber que tudo o que eu procurava estava bem na minha cara e eu fechava os olhos.

Quando no mundo tudo é feio, a feiura se torna comum. Encontrar algo belo, delicado, radiante e ao mesmo tempo tão simples e escondido no meio de um universo horrendo é assustador. O bonito vira feio. Vira incômodo. Vira loucura. O medo nos faz travar diante da joia que tantos outros procuram. A ideia de não ter que procurar o que todo mundo busca é boa, mas ao mesmo tempo frustrante. Principalmente quando se tem o espírito de se batalhar pelo que se quer. Porque eu deveria ser diferente dos outros? Interessante mesmo não é buscar, lutar, sofrer e depois sentir escorrer nos lábios o doce da vitória? Porque eu recebi um embrulho de goiabada cascão? Eu queria ter que implorar também!

Então o doce foi ficando enjoado. Parecia que dentro do pacote uma espécie diferente de abelha tinha vindo. Todo doce que eu comi deu espaço pra que ela entrasse. E ela agora fazia sua colmeia dentro da minha boca, apoiada na minha língua, causando a agonia do volume e o mal-estar das náuseas. Ah, chega de doce! Eu não gosto de mel.

Joguei fora o presente. Ignorei a joia, doei o doce. Achei que algo salgado e metálico seria melhor. Então fui à procura. Que se tornou cansativa e causticante. Foi um castigo pela minha ingratidão. Resposta da minha mente? "Outra vez eu tive que fugir, eu tive que correr pra não me entregar às loucuras que me levam até você..." - Ouvi isso numa música e me identifiquei.

Desisti da luta. E agora estou eu aqui, de novo, tentando não precisar brigar pra conseguir algo que esperou por mim e eu não quis...

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