Da beleza...


Aqui estou eu novamente em frente ao computador, teclado e dedos, olhos e mente, (falta de) criatividade e palavras.

Sobre o que quero falar? Não tenho um assunto específico.

Na verdade, estou muito envolvida pela beleza. Não me refiro à beleza física em si, mas àquela coisa subjetiva que faz com que a gente se apaixone por alguém pelo resto da vida. Imagino que é a mesma beleza que encanta alguém depois de cinquenta anos de convivência. O que une as pessoas na doença, na pobreza, na falta de paixão, no fim. Até o fim.

Não quero chamar essa beleza de amor. Amor é algo que é tão subestimado e desvalorizado que nem tem mais tanta graça falar sobre isso. É só beleza mesmo.

Para as pessoas jovens, a beleza muitas vezes é só aquilo que se pode ver. É o olho, o cabelo, a boca... Os gestos, a voz... Mas, e quando isso se esvai? Quando os olhos começam a azular, o cabelo começa a pratear, a boca perde o contorno, quando gestos e vozes são trêmulas, onde fica a beleza? Lá dentro. Muito mais distante do que os olhos alcançam. Aliás, onde outros olhos alcançam.

Talvez nunca consiga compreender de fato o que está envolvido nessa beleza.

Andando na rua, vi um casal de idosos. Eles caminhavam de mãos dadas, um sendo apoio do outro. Beiravam seus 70 ou 80 anos, sei lá. A união das rugas e cabelos brancos era a obra de arte viva mais linda que já tive acesso. Há quanto tempo atrás aquelas peles eram esticadas e os cabelos escuros? Sabe-se lá! Pra eles deve ter sido um piscar de olhos.  Aliás, que diferença fazia então?

Ninguém se importa com um jovem casal de mãos dadas na rua. Mas todo mundo para, observa e reflete com um casal de idosos.  Todo mundo pensa em como é lindo duas pessoas juntas por tanto tempo e que elas continuem sendo carinhosas entre si. Ou mais, que demonstrem isso em público. Dá um misto de compaixão e admiração que não acontece com outra imagem. Por quê? Afinal, são apenas duas pessoas adultas, amadurecidas na casca, mas iguais por dentro. Ali dentro, na beleza deles, não houve envelhecimento.

Pensando nos dois, lembrei daquela música do Chico...

Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar... E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar...”

Então eu compreendi, e o dia amanheceu em paz...

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