E eu aqui...


E eu aqui aguardando sua ligação...

Não que eu morra sem isso. Aliás, se não quiser ligar, não ligue. Já passam das dez mesmo... Posso inventar outras coisas pra fazer.  

Nem ligo de não ouvir sua voz hoje à noite. Já faz um tempo que cresci, não preciso de canção de ninar. Muito menos de histórias. Não pense que me importo de saber como foi o seu dia. Talvez eu não me importe. Ou talvez sim. Entenda como quiser.

Aliás, por que estou falando sobre isso mesmo? Só porque ainda me lembro do cheiro de sabão em pó misturado com perfume que tem na sua camisa? Ou porque estou imaginando nesse exato momento seus dedos entrelaçados nos meus?

Malditas sejam suas mãos. Não que eu não as ame. Pelo contrário, amo mais do que deveria.

Maldita seja sua boca. Porque dela sai sua voz. Cuja ausência não me deixa dormir. Porque nela vive seu sorriso também. E aquele alinhamento de pérolas transforma meu dia em outro. Aliás, quem fez aquele desenho tão bonito que ela tem?

E que sejam malditos também seus olhos. Não só porque me olham, mas porque eu os olho. E não consigo parar de olhar. E quando fecho meus olhos, sei que eles ainda estão lá, me fitando e me aguardando. Que tem uma cor inexplicável. Cor que sai dos esperados verdes e azuis e mora no convencional castanho, como se fosse possível fazer um chá de chocolate. Tão fluído e cálido como seria esse impossível chá.

Amaldiçoo em conjunto minhas mãos e olhos. Que não se controlam. E voltam ao telefone. E aguardam... E continuam aguardando.

Malditos sejam meus ouvidos. Que escutam o som do telefone misturado ao barulho do silêncio. E que esperam ansiosos que esse som seja real.

Mas que todas essas coisas sejam benditas quando estiverem juntas. Meus olhos, seus olhos. Minhas mãos e as suas. E nossas bocas. Porque parece que todas essas coisas foram criadas para ser abençoadas somente se estiverem unidas. 

O tempo brinca me fazendo chegar a conclusões. E eu permaneço aqui, esperando sua ligação.

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