A vida dá voltas...

... e as pessoas esquecem disso.

A vida é uma parada complicada, né? Mas é lindo. Tem pessoas na vida da gente que entram de uma forma tão inesperada, mas parece que tava escrito como era pra ser. É muito bonito como as pessoas se ligam de formas tão profundas que se tornam famílias. Desconhecidos virando parceiros. A humanidade ainda guarda algumas belezas que a gente talvez nunca vá compreender direito - e provavelmente a graça more aí, nessa incompreensão e na contemplação.

Mas, de novo, a vida é uma parada complicada.


A gente vive, se relaciona, cria laços. A gente quando é novo, acha que tudo é pra sempre, né mesmo? Tá bom, eu sei que nada é "pra sempre", mas tem algumas coisas em especial a gente acha que vai levar pelo menos uma boa parte da vida. Amizades, por exemplo. Mas eu fico perplexo como parece que as pessoas conseguem compartimentalizar as relações de tal forma que uma ou outra relação pode simplesmente ser deixada de lado. 

Pode parecer que é fácil tirar alguém de sua vida, mas não é. O pior é quando parece que pra essa pessoa tanto faz como tanto fez se ela tá ou não na sua vida, simplesmente porque ela não se importa, não faz questão. Será que eu já fiz isso com uma pessoa que se importava comigo? Se eu fiz, não foi conscientemente. Sabe, as relações entre as pessoas são uma via de mão dupla. De mim para você, de você para mim. Upload e download. Mensagem e resposta. Se não tem uma das partes, não tem nós, não tem dados, não tem comunicação. E eu busquei um tempo. É ruim ter a sensação de dar murro em ponta de faca.

Aí eu cansei. Passei a sentir raiva. E pensava, e sentia raiva. E via foto, e sentia raiva. E ouvia falar sobre, e sentia raiva. Mas raiva, como qualquer energético, dá um ímpeto e depois consome a gente. E então eu cansei de novo. Desta vez o que sobrou foi tristeza. E lembrava, e ficava triste. E pensava em falar, e ficava triste porque já esperava o desinteresse e aí ficava mais triste por causa disso.

Aí uma hora passa. A gente meio que deixa pra lá. Mas não passa de verdade.

Outro dia aconteceu uma coisa comigo. Uma coisa bem surpreendente. A primeira coisa que passou na minha cabeça era que eu precisava correr pra contar pra você. Sim, só passou você na minha mente na hora, foi quase um instinto. Mas aí eu lembrei que não era mais a mesma coisa. Eu já tinha aberto mão de uma relação que você deixou claro que não fazia a menor questão de manter. E aí eu desabei. Voltei a sentir raiva, cansei, voltei a ficar triste. Mas ainda não deixei pra lá, e é por isso que eu tô agora escrevendo tudo isso.

Na verdade o que eu queria dizer é que eu quero que você saiba que eu guardei uma mágoa de você por causa disso. Mas que eu também sinto saudades de vez em quando. Não quero que você fale comigo, pelo menos não por causa disto. Eu também não vou procurar, sou orgulhoso demais. Mas eu precisava botar pra fora isso tudo que tava entalado aqui na garganta, porque eu não consigo chorar - senão eu estaria me esvaindo em lágrimas agora. Você não fez nem um esforço de manter nossa amizade, não sei seus motivos nem quero saber. Isso não é uma coisa que eu vá superar cedo, superar não é algo em que eu sou bom. Não sei quando você vai ler isso, ou se algum dia vai ver. Mas peço desculpas por qualquer coisa. E obrigado por tudo.



P.S.: Não abandone seus amigos. Jamais.




poesia de band-aids

de Aline Guarato
::
até sair com a mulher do amigo
vá lá
mas
jamais
se
esfaqueia
o amigo
porra


 P.S.2: Esta "carta" era pra duas pessoas. Mas agora é só pra uma. Eu ia te contar naquele dia, mas você não ia querer saber. Whatever.

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